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Como a IA está mudando a logística e o transporte de cargas no Brasil
Tecnologia embarcada, caminhões conectados e decisões baseadas em dados estão redefinindo a forma como o transporte de cargas opera no país — e é só o começo!
A inteligência artificial já está presente em aplicativos, redes sociais, diagnósticos médicos e sistemas
financeiros. Mas ela também ganhou as estradas — e, cada vez mais, tem papel central na gestão de frotas,
segurança e eficiência logística. No transporte rodoviário, a IA não é uma promessa de futuro: é realidade. É
parte da rotina de motoristas, transportadores, embarcadores. E, de acordo com o Diretor de Desenvolvimento de
Novos Negócios da Scania Operações Comerciais Brasil, Marcelo Gallao, esse é só o início do caminho.
Mas afinal, onde ela está inserida? É na cabine? No motor? Nos pneus, nos sensores? Como podemos perceber a ação
da inteligência artificial em um caminhão ou em uma operação de transporte? Nesta conversa recheada de exemplos
práticos, o executivo explica como a tecnologia vem sendo aplicada nos veículos da Scania e quais impactos ela
já traz para o dia a dia das estradas e dos negócios.
O melhor caminho
Se antes roteirizar uma entrega era basicamente traçar a distância mais curta entre dois pontos, agora é bem
diferente. “Você faz o algoritmo de otimização de rotas utilizando IA. Ela vai aprendendo e se melhorando. Usa a
roteirização do Google ou de qualquer outro dispositivo do mercado e vai colocando parâmetros de tempo de
espera, otimizando rotas e diminuindo o tempo de caminhão parado justamente com o uso da inteligência
artificial”, detalha Gallao.
Isso significa considerar variáveis como trânsito, condições da estrada, áreas com histórico de acidentes e até
o horário mais eficiente para realizar cada entrega. “Por exemplo, vou descarregar em uma empresa que tem uma
janela de entrega melhor em um determinado horário. Você direciona a carga para chegar naquele horário”, explica
o executivo. “Hoje, os softwares de roteirização são extremamente utilizados pelos clientes”, complementa.
E não é só sobre eficiência: a segurança também faz parte do pacote. “É muito comum os embarcadores obrigarem a
instalação de rastreadores e
equipamentos de monitoramento de frota. Até a gestora de risco exige isso”, comenta o executivo. “Se
você não equipar o caminhão com aquele sistema de monitoramento homologado, vai ser desqualificado. Isso porque
é uma exigência para garantir o seguro da carga”, ressalta Gallao.
Por trás dessa inteligência, está outra tecnologia: a torre de controle. Ao longo dos últimos anos, os caminhões Scania passaram a se
comunicar constantemente com as torres de controle — e isso mudou tudo. “É muito comum o começar o dia de
trabalho com o rotograma falado: ‘Sou o motorista tal, vou fazer o trajeto do ponto A para o ponto B, com as
cargas do cliente C’. Ele libera a partida do caminhão para você começar o seu dia. Se não informar à torre, o
caminhão é imobilizado”, explica.
A IA também tem papel importante na análise de todas essas variáveis operacionais. “Trânsito, condição de
entrega, janela, área de risco, até condição de clima — já vi tudo isso sendo colocado em machine learning. O
grande ponto é a melhoria contínua nesse caso de roteirização. Toda roteirização hoje usa inteligência
artificial”, explica Gallao.
A IA também atua diretamente nos sistemas de segurança e gestão de risco. “Mais de 80% do transporte vai entrar
em contato direto com uma gestora de risco. Ela controla o equipamento do caminhão, precisa dos dados, pede a
instalação de sistemas de rastreamento e monitoramento.”
E isso faz diferença: “Muitos transportadores têm caminhões com capacidade para levar 58,5 toneladas, mas só
transportam 15. A gente pergunta: por quê? E eles dizem que é porque a seguradora só cobre até R$ 1 milhão em
carga. Mas se o veículo estiver equipado com sistema satelital completo de segurança e monitoramento, ela pode
liberar até R$ 2 milhões. Ou seja, com tecnologia, o cliente transporta o dobro.”
Mais dados, mais resultados
Com os caminhões conectados, a IA atua não só nas rotas, mas também na forma como o motorista
conduz. “Se o motorista está toda hora arrancando forte, usando embreagem, acelerando demais ou freando
bruscamente, esses dados são enviados para a torre de controle e para o próprio motorista. O caminhão avisa no painel, apaga tudo e
mostra: ‘Olha, sua frenagem foi brusca’. Ele dá uma nota de 0 a 100%, coloca um percentual e uma estrela. O
motorista vai acumulando pontos. É uma gamificação da condução”, explica o executivo. “O caminhão não é um dedo-duro. Ele faz
um coaching com o motorista.”
Normalmente, quem conduz de forma mais segura também economiza combustível. Já vimos casos em que a diferença
de consumo entre um motorista nota A e um nota E passa dos 15%.”
Marcelo Gallao, Diretor de Desenvolvimento de Novos Negócios da Scania Operações Comerciais Brasil”
Essas informações são valiosas para a gestão da frota. “Você pode parametrizar sua manutenção. Ao contrário do
carro de passeio, em que a revisão é feita a cada 10 ou 20 mil quilômetros, aqui a gente avalia a condição de
cada componente e a forma como o veículo está sendo conduzido. Aí posso antecipar ou postergar uma revisão.
Quando você posterga, aumenta a disponibilidade do caminhão.”
E a economia aparece em números. “Normalmente, quem conduz de forma mais segura também economiza combustível. Já
vimos casos em que a diferença de consumo entre um motorista nota A e um nota E passa dos 15%.”
Segurança – e inteligência – que vem de fábrica
A inteligência artificial também está presente diretamente no veículo. “Existe uma IA embarcada no caminhão que
trabalha com sensores e scanners — por exemplo, leitura de placas e sinais”, explica. “Você está em uma via com
limite de 100 km/h, mas entra em uma área com placa de 40. O caminhão lê a placa e avisa: ‘O seu limite caiu de
100 km/h para 40 km/h’. Ele dá um alerta no painel e você pode parametrizar esse alerta como quiser: visual,
sonoro, grande, pequeno.”
E se o motorista não agir a tempo em uma situação com risco de colisão? O caminhão entra em ação e pode frear
por ele. “Temos um algoritmo muito complexo e generativo que se atualiza e faz o seguinte: estou andando e
percebi um objeto em rota de colisão. Dependendo de vários dados, é acionado um freio de emergência. Mesmo que o
motorista não esteja alerta, o caminhão estanca e aciona o freio automático para evitar uma colisão frontal —
que normalmente é fatal”, pontua o executivo.
Além disso, o veículo também alerta em casos de desvios de faixa sem sinalização e até sinais de fadiga do
condutor. “Se o motorista saiu da faixa sem dar seta, acende uma luz na coluna lateral, ou no painel, e emite um
alerta sonoro. Pode ser sonolência ou distração.”
Esse sistema faz parte do ADAS, um pacote de assistência à condução. “Todos os caminhões rodoviários Scania já
vêm com o alerta de desvio de faixa e o freio anticolisão dianteiro como itens de série. Não é mais opcional”,
ressalta Gallao.
Mas como tudo isso evoluiu?
A conectividade Scania começou em 2016
com envio e recebimento de dados via GSM. “Naquela época, se falava muito em Indústria 4.0. A gente conseguiu
comunicação máquina a máquina. Foi o início. Mas foi em 2019 que a gente entendeu que estava com tantos dados
que precisava transformá-los em informação. Aí entrou a IA: com BI, algoritmos, Python, mineração de dados...”
E não parou por aí. Hoje, além de gerar valor, a IA também atua em segurança. “Se alguém tentar burlar o
sistema, trocar um fusível ou mexer no chicote, a IA detecta o sinistro e já pensa numa espécie de ‘vacina’. E
corre para reagir com um novo software. A velocidade é essencial nesse meio”, destaca. “Imagina atualizar uma
frota com mil caminhões espalhados pelo Brasil. A gente envia a atualização via satélite, e o caminhão já entra
com uma inteligência melhor.”
O que vem por aí (já chegou)
Com todos esses avanços, você deve estar se perguntando: vamos, então, ver caminhões autônomos pelas estradas
brasileiras em breve? A resposta é não. Pelo menos por enquanto. Apesar de todo esse avanço, a substituição
completa do motorista ainda é um cenário distante — especialmente por conta da legislação brasileira. Mas em
operações específicas, como mineração, a autonomia já é realidade.
“Temos caminhões não tripulados
operando no descomissionamento de barragens. O motorista não está no caminhão, mas num cockpit a 15 km de
distância, operando por joystick e vídeo. É exigência do Ministério Público. Essa zona de trabalho não pode ser
operada por veículo tripulado. Em Minas Gerais, temos dois clientes operando assim.”
O caminhão aprende com o ambiente. “Escaneamos o ambiente com laser, ensinamos o caminhão a fazer desvios. Se
tem uma descida íngreme, ele diminui a velocidade conforme a carga na caçamba. O caminhão sente o peso e ajusta
a frenagem. Ele é altamente instrumentado. Em certos casos, é mais seguro do que uma condução humana.”
Já deu para perceber que a inteligência artificial deixou de ser uma promessa no transporte, não é mesmo? Hoje,
ela atua ativamente na segurança, na condução, na performance e na tomada de decisão de motoristas e
transportadores. E, como bem disse o executivo: “nós só estamos no começo.”
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