Os caminhões Scania têm maior capacidade de carga e velocidade média superior — o que resulta em maior produtividade para o cliente.”
Adriano Brito, gerente de Grandes Contas de Mineração e Construção de Vendas de Soluções Off-Road da Scania Operações Comerciais Brasil
Por que essa mudança beneficia a Scania?
Porque nossos caminhões têm um PBT (Peso Bruto Total) maior que o da
concorrência, ou seja, podem carregar mais. Além disso, contam com motores
mais potentes, que entregam desempenho superior em força e velocidade
média. Por exemplo: em um caminhão 8x4, temos até duas toneladas a mais de
capacidade útil. Isso faz diferença quando o pagamento é feito por
tonelada transportada. Recentemente, lançamos também o modelo 10x4,
apresentado na Exposibram do ano passado. Ele passou de quatro para cinco
eixos, o que garante 10 toneladas líquidas adicionais. É um produto
exclusivo da Scania, fabricado no Brasil, na planta de São Bernardo do
Campo (SP). Desde o lançamento, já contabilizamos cerca de 200 unidades
vendidas em um ano, apenas no mercado nacional.
Quem são os principais clientes desse modelo?
Entre as empresas que já adquiriram o 10x4 estão TSL, Terraço e outros
prestadores de serviço da Vale e de mineradoras diversas. Há dois tipos de
operação: algumas mineradoras compram diretamente, e outras contratam
terceiros para operar as frotas.
Essa terceirização tem crescido, principalmente porque, hoje, o maior
desafio das mineradoras não é comprar o ativo, mas manter a operação — o
que envolve motorista, manutenção, mecânica, gestão de oficina e equipe
técnica. Ao contratar um prestador, a mineradora transfere essa
complexidade e mantém o foco na produção.
E quanto à sustentabilidade? Como a Scania está apoiando a descarbonização
na mineração?
Mesmo comparando veículos a diesel, já tivemos redução de 25% a 30% nas
emissões em relação a dez anos atrás. Isso porque nossos motores vêm
evoluindo constantemente — com lançamentos em 2018, 2019 e 2023, cada um
trazendo ganhos expressivos em eficiência e menor consumo de combustível.
Além disso, estamos prontos para atender à demanda por motores 100% a
biodiesel, sem necessidade de adaptação. Temos versões de 460 e 500
cavalos já preparadas para operar com esse tipo de combustível. Outro
caminho é o gás natural ou biometano. Nossos motores a gás, de até 460
cavalos, entregam torque próximo ao diesel — 2.300 Nm contra 2.500 Nm — e
mantêm a produtividade da operação, com autonomia suficiente para um dia
inteiro de trabalho.
E a eletrificação? Já é uma realidade nas minas brasileiras?
Ainda é um desafio. As minas geralmente estão em locais afastados, o que
dificulta a instalação de subestações e infraestrutura elétrica. Visitei
recentemente uma operação com três caminhões elétricos, que exigiram a
construção de uma subestação apenas para suportar o carregamento. Para
expandir, seria necessário investir em novas estruturas e pontos de
abastecimento rápido, o que ainda eleva muito os custos. Por isso,
acreditamos que, no Brasil, o caminho mais viável no curto e médio prazo
está nos biocombustíveis e no gás.
E quanto ao hidrogênio?
É uma alternativa promissora, mas que ainda enfrenta desafios em custo e
armazenamento. Se conseguirmos superar as barreiras de segurança e
viabilidade de armazenagem, o hidrogênio pode, sim, se tornar uma opção
importante para o futuro.
Como a Scania vê o futuro do mercado de mineração?
Estamos muito bem-posicionados. Nosso diferencial em capacidade de carga e
robustez nos torna mais competitivos. Acreditamos em um crescimento
consistente do setor: em 2025, projetamos alta de 5% a 7% no mercado de
mineração e, para a Scania, tivemos um aumento em torno de 30% em volume
de vendas. Esse desempenho foi impulsionado pelo 10x4 e pela priorização
da produtividade nas operações. Para 2026, esperamos crescimento de cerca
de 10%, acompanhando a expansão do setor no Brasil.
E quais são as perspectivas de longo prazo?
Olhando para frente, vemos um mercado cada vez mais voltado à eficiência e
à sustentabilidade. A Scania segue investindo em tecnologias que unem
performance e menor impacto ambiental — e isso vale para todos os
combustíveis, dos motores a gás e biodiesel aos elétricos e, futuramente,
ao hidrogênio.