Dos sonhos aos desafios
Nessas adaptações para oferecer o melhor, mais eficiente e rentável ao cliente, veio a parceria com a Scania. Essa relação teve início em 2012, quando a RN Logística comprou seus dois primeiros veículos da marca. “Sempre achava um sonho bastante distante comprar um Scania. A paixão vem desde menino, porque sonhava em ter um caminhão da marca. Mas achava que não teria condição de comprar. Evandro, que hoje é gestor na parte de Consórcio, me ligou, pediu uma reunião comigo e a gente começou uma parceria. Fechamos dois caminhões e o sonho começou ali. Recebi tanta atenção na hora da venda que isso me despertou mais paixão” conta.
Sonhos, aliás, que não seriam possíveis sem o amor e o incentivo da esposa, Arlete, hoje sócia de Rodrigo na RN Logística. “Arlete, minha esposa e parceira. Não conseguiria nada sem a presença dela, apoiando minhas loucuras e cuidando da parte financeira. Em toda a história da RN ela sempre acreditou no meu sonho. Estávamos há dois anos morando juntos quando ela embarcou nessa minha empreitada”, expressa.
Foi ao lado dela que ele viveu os muitos desafios de empreender. E também as dificuldades e dores que apareceram no caminho. “Quando comecei a RN, eu tinha duas motocicletas, pois sempre tive paixão. Uma eu usava para fazer entrega e a outra para passear. Aluguei primeiro uma ‘portinha de aço’, daquelas de rolo, para ser o escritório. Era uma casa que tinha na lateral de uma loja que vendia CD e o dono sublocava o local, na Vila Mariana, em São Paulo. Peguei um serviço de cargas aéreas e me perdi na hora da entrega. Foi quando entrei na rua Bartolomeu de Gusmão, em São Paulo, olhei uma placa escrita ‘aluga-se’ e pensei: vou alugar essa sala. O dono me perguntou se a empresa existia, se eu já tinha clientes e eu disse que sim. Nos mudamos pra lá, eu não tinha nenhum cliente, mas acreditava em mim mesmo e que aquilo ia dar certo. No primeiro mês, no dia de pagar a locação, eu não tinha feito dinheiro nem para pagar conta de água. E aí pensei: vou ter que vender uma das minhas motos para pagar o aluguel. Eu morava na zona leste com minha esposa, fui até lá em uma oficina que sabia que comprava moto e ofereci. Mas o dono não podia comprar. Insisti e por fim ele comprou a moto. Vendi por R$ 800,00, saquei o dinheiro e quando saí do banco, fui abordado por dois ladrões. Me levaram tudo! Saí de Itaquera e fui até a Vila Mariana de trem, voltei só com o capacete na mão e chorando. Chorei muito com meu irmão e contei a história. E pensei no que ia fazer. Meu irmão me aconselhou a dizer toda a verdade para o dono da sala. Fui até lá e contei toda a verdade, chorei muito. O proprietário, vendo aquela situação, não me cobrou o primeiro mês de aluguel e me deu 30 dias para reverter a situação. Caso contrário, não conseguiria mais me permitir ficar ali naquela sala. Desde esse dia, as coisas começaram a acontecer de uma forma que nem sei explicar. A empresa começou a caminhar. Seis meses depois, meu irmão faleceu em um acidente”, conta Rodrigo.
Junto desses momentos, outros tantos desafios. Sobrava vontade, mas faltava experiência. “No começo, a gente não tinha visão de mercado, tecnologia. Investimos no ramo gráfico e quando abrimos o olho o mercado já estava em queda. Tivemos que nos reinventar, fazer com que a empresa saísse de um nicho de mercado para um outro mais geral. Mas o dia a dia me trouxe a maturidade e a diversidade dos negócios. De pequeno porte, com menos visibilidade de mercado e concorrendo com transportadoras, a única forma foi ser diferente. Por isso sempre procurei fazer coisas diferentes”, destaca.
Portas sempre abertas
Foi por ter esse perfil que Rodrigo, com persistência, coragem e cabeça erguida, se transformou e fez a empresa evoluir e amadurecer até aqui. A chegada do Scania a gás à transportadora também tem ajudado a abrir ainda mais portas para que os negócios sigam, junto a grandes embarcadores, com foco total na sustentabilidade do transporte de cargas.
“Embarcadores e clientes estão abraçando a causa. As oportunidades são imensas, temos grandes embarcadores junto com a gente nisso. Temos participado de uma série de projetos e se tudo der certo pode faltar até crédito para comprar novos caminhões. Estamos negociando com nomes como Nestlé, Americanas, Carrefour, Amazon. Todos os grandes embarcadores querem ter veículos movidos a gás”, reforça o empresário.
Visionário, Rodrigo tem por objetivo tornar a RN Logística uma empresa modelo em sustentabilidade no mercado brasileiro. “Temos um grande projeto que estamos iniciando e queremos solidificar a RN como empresa referência em sustentabilidade. Nosso objetivo é, nos próximos 10 anos, ter uma frota 100% sustentável e se possível com o maior número de elétricos e a gás do Brasil”, revela.
A “cereja” do futuro
É claro que a Scania seguirá sendo sua principal parceira nesta jornada. Até porque se o caminhão a gás já foi a “cereja do bolo” na transformação de sua empresa, ele já vislumbra, em um futuro próximo, a RN sendo também a primeira empresa brasileira a adquirir o primeiro caminhão elétrico comercializado pela Scania no país.
“A Scania vem se posicionado, é referência em tecnologia e investimento, e tenho certeza de que vai conseguir trazer o elétrico nos próximos meses. Pode anotar: a RN será a primeira a comprar o elétrico da Scania”, determina Rodrigo.
Se depender da Scania, esse pioneirismo da RN será mais do que verdadeiro. Com ele, o novo passo para uma “fatia do bolo”, com muita cereja no topo, que tanto a marca como a RN e o mercado brasileiro querem ver acontecer aqui e agora, na transformação e na evolução de todo o sistema de transporte.
Pode anotar: a RN será a primeira a comprar o elétrico da Scania.”
Rodrigo Navarro, proprietário da RN Logística