Um simples olhar, por alguns minutos, no ambiente em que você está agora e certamente conseguirá encontrar mais de um objeto feito a partir do ferro. Você pode até ter dificuldade nessa observação por direcionar a busca pela forma um pouco, digamos, mais bruta do mineral. Mas, não se esqueça de que tudo que é feito de aço, por exemplo, é também composto por ferro.
O minério de ferro está presente no nosso dia a dia mais do que imaginamos, desde a medicina à construção e engenharia, até o transporte, a pintura e mesmo os cosméticos. E esse metal tem história. Dos tempos coloniais até hoje, na vida moderna, ele moldou inclusive o desenvolvimento econômico do Brasil, sendo uma das práticas mais importantes do país. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), a mineração respondeu por 50% do saldo comercial brasileiro no primeiro semestre de 2020, mesmo diante do cenário turbulento que todos temos acompanhado.
Aliado ao movimento da economia do país, está também a conduta das empresas do setor cada vez mais voltadas para a sustentabilidade – dos negócios e da própria operação. Foi-se o tempo em que essa atividade era vista como uma das mais agressivas ao meio ambiente. Ao contrário, os grandes nomes do mercado da mineração têm buscado soluções cada vez mais limpas e sustentáveis, de forma que possam unir o bom desempenho a políticas voltadas para o cuidado com o planeta.
O exemplo mais recente veio da Gerdau, que em parceria com a Scania e a Fagundes, colocará em teste o novo caminhão Scania movido a gás natural veicular (GNV) em uma de suas operações de mineração. A iniciativa, inédita no Brasil, deve acontecer por um período de um ano. O G 410 6x4, com caçamba de 16 metros cúbicos, fará o transporte de minério de ferro e estéril franco para a Gerdau, na Mina Várzea do Lopes, localizada em Itabirito, no interior de Minas Gerais. A Fagundes será a operadora responsável pelo veículo. Vale lembrar que as atividades de minério de ferro da Gerdau são utilizadas para abastecimento próprio das usinas de produção de aço da empresa.
“Por se tratar de uma operação inédita para este tipo de equipamento, faremos deste teste um grande laboratório para avaliar outras aplicações e possibilidades. Vemos esta parceria com a Scania com muito bons olhos. Ela é mais um exemplo na jornada da Gerdau para se tornar uma empresa cada vez mais sustentável e que deixe um legado positivo para a sociedade”, comenta Vinícius Fernandes de Moura, Gerente-geral de Suprimentos da Gerdau.
Preparando o terreno
O executivo conta que para dar este passo, garantindo a segurança da operação e dos colaboradores, foi preciso um período de preparação. “Iniciamos os controles de segurança com treinamento e capacitação de todos os colaboradores envolvidos em nossas operações. Para cada tipo de atividade, existem regras e procedimentos operacionais específicos, que são elaboradas de acordo com normas regulamentadoras e tipos de frota utilizada. Para as atividades de extração e transporte de minério de ferro, por exemplo, vários fatores são levados em consideração, como o controle rigoroso das condições geotécnicas da mina, as condições físicas das vias e dos acessos de circulação de equipamentos, sinalização, tipos de pavimentação, umectação das vias, nivelamento de pontos de carregamento e basculamento, entre outros”, explica Vinícius.
Foi também por enxergar essas mesmas características na Scania que a empresa optou pelo modelo da marca. “Por ser uma empresa consolidada e tradicional no mercado, a segurança e qualidade foram atributos identificados no veículo a gás”, destaca o gerente da Gerdau.
A Scania segue acompanhando bem de perto esse trabalho com a Gerdau, desde a especificação do caminhão à entrega para o dia a dia da operação. “Queremos levar o menor custo operacional e ganhos importantes para o cliente. Então, tanto a engenharia da Scania Brasil e da Suécia como a Rede de Concessionárias estão apoiando a empresa para que o veículo apresente o máximo de disponibilidade e o menor custo operacional contribuindo com o meio ambiente”, pontua Fabrício Vieira de Paula, Gerente de Vendas de Soluções para Mineração da Scania no Brasil.
Dentro de casa
Durante esta fase de preparação também veio à tona outro assunto muito discutido quando se trata de um veículo a gás: o abastecimento. Para atender as necessidades do caminhão durante a etapa de testes, a Gerdau construiu uma estação compacta dentro da própria operação, seguindo as normas legais e de segurança. A Logás será a empresa responsável pelo fornecimento do GNV e a estimativa é que o abastecimento ocorra uma vez ao dia, com duração média de 15 minutos.
“A segurança operacional e de nossos colaboradores, seja qual for o tipo de operação da Gerdau, está sempre em primeiro lugar. Sendo assim, para realização dos abastecimentos de GNV está sendo construído um posto específico para o combustível, atendendo todas as normas legais para este tipo de estrutura. Todos os colaboradores envolvidos neste processo, como frentistas, operadores e equipes de ressuprimento de combustível serão treinados em regras específicas e padrões operacionais exclusivos para o armazenamento, consumo e utilização do gás”, ressalta Vinícius.
A estimativa é que o veículo rode por 24 horas, durante sete dias por semana, tendo em média 250 e 300 km de autonomia. “Quando falamos de mineração, não conseguimos precisar a autonomia do veículo em quilômetros, mas estimamos o que se espera em litros por hora. Neste caso específico, por ser o primeiro, ainda não sabemos como o caminhão irá se comportar. A expectativa é que ele tenha uma autonomia aproximada de 10 , que nessa operação seria entre 250 e 300 km, mas é claro que isso ainda precisa ser provado no campo”, afirma Fabrício.
É também neste campo que estará a equipe da Itaipu, a Casa Scania em Minas Gerais que fará a gestão do caminhão em parceria com o cliente, trabalho que, certamente, está só começando. “Identificamos na Scania um parceiro para construir este futuro mais sustentável com a solução do caminhão a gás natural. Estamos a cada dia buscando ser uma empresa mais verde e a oportunidade de testar um veículo movido a GNV, com menor redução de carbono, está diretamente ligada a este propósito e tem sido amplamente discutida por nossas lideranças. O potencial deste modelo é enorme, podendo gerar benefícios para toda a sociedade. É uma proposta inovadora para o setor de mineração no Brasil”, reforça Vinícius.
“O gás veio para ficar e somos pioneiros ao oferecer essa solução para o segmento Off Road. Muito se fala da eletrificação e sabemos que é o futuro. Mas o caminhão a gás é o primeiro passo para um transporte mais limpo e atende, aqui e agora, de forma muito satisfatória, entregando rentabilidade, produtividade, disponibilidade e ganhos ambientais. Somos a única marca a oferecer isso, saímos na frente”, finaliza o Gerente de Vendas da Scania. •
Fonte consultada: