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Para encerrar com chave de ouro a série de histórias inspiradoras que celebraram o Mês da Mulher aqui na Revista Jornada, contamos a trajetória de Grace Kelly da Silva Rodrigues, motorista de ônibus da Viação Cometa, empresa do Grupo JCA.
“Certa vez, quando encostei o ônibus na Rodoviária do Tietê, em São Paulo, e fui começar o embarque dos passageiros, um senhor me abordou e perguntou: ‘você que é a motorista? Ainda dá tempo de trocar a passagem?’ Ali eu senti o preconceito por ser mulher e estar ao volante de um ônibus de viagem intermunicipal, mas não me abalei. Expliquei que sim, eu conduziria o veículo, e deixei o cliente à vontade para decidir seguir ou não viagem comigo. Em situações como essa, não podemos pegar pra gente um sentimento que não é nosso. A melhor resposta é sempre tratar com respeito, falar com amor, mostrar um sorriso e agir com competência, porque é tudo bem diferente do que se espera.”
E foi o que ela fez. O cliente embarcou e em uma das primeiras paradas não perdeu a oportunidade de elogiar. “Nos primeiros quilômetros, dava para ver pelas câmeras internas do ônibus que ele estava bem nervoso. Mas ao parar em um dos pontos de embarque e desembarque no trajeto, ele fez questão de vir elogiar a viagem e dizer o quanto havia sido agradável até ali. Quando chegamos no destino final, em Curitiba, no Paraná, ele me disse que aquela havia sido a melhor viagem de ônibus que ele já tinha feito em toda a vida. Fiquei muito feliz com o reconhecimento e tive ainda mais certeza de que a minha primeira reação, respondendo com amor e um sorriso quando ele se questionou sobre a minha capacidade, sempre foi a coisa certa a se fazer.”
O relato de Grace Kelly da Silva Rodrigues é real e recente. Ela é motorista de ônibus da Viação Cometa, empresa do Grupo JCA, e há dois anos vem fazendo a diferença nas linhas que saem da capital paulista para as cidades de Santos e Lorena, em São Paulo, e Curitiba, no Paraná.
Aos 36 anos, essa jovem paulista realizou o seu grande sonho de infância – ser motorista de ônibus da Cometa – e hoje faz parte de um grupo de 21 mulheres que compõem o quadro de colaboradoras da empresa. E engana-se quem pensa que elas estão somente na condução dos veículos. “Temos mulheres na tapeçaria e na elétrica, que eram áreas só de homens, e ainda motoristas de ônibus, manobristas, além de elas também estarem nos escritórios do Grupo e ocupando cargos de liderança. O Grupo JCA é uma empresa que apoia e incentiva mulheres e tem, cada vez mais, aberto suas portas para equilibrar essa conta e mostrar que o lugar da mulher é onde ela quiser – e, é claro, com todo apoio e infraestrutura. Temos orgulho de dizer que aqui a mulher pode traçar o seu caminho e chegar aonde elas sonham, assim como aconteceu com a Grace”, destaca Marcela Leite, coordenadora de Comunicação do Grupo JCA.
Conheça a trajetória inspiradora de Grace Kelly nesta entrevista exclusiva, que encerra com chave de ouro a série de histórias que contamos aqui na Revista Jornada durante o Mês da Mulher:
Como você começou a trabalhar no setor de transportes?
Minha história é muito curiosa, pois não tenho ninguém na família que seja motorista. Minha paixão começou durante uma viagem com minha mãe, quando íamos para Pernambuco. Eu vi um ônibus Flecha Azul [ clássico ônibus Scania da linha K, um dos primeiros modelos adquiridos pela Cometa ] na estrada e me apaixonei. Falei para minha mãe que ia ser motorista e ela imediatamente respondeu: “você está ficando doida?” Na época, eu tinha 15 anos e era dançarina de banda de forró, mas aquele ônibus nunca mais saiu da minha cabeça. Ao chegar em Pernambuco, comecei a minha trajetória e fui atrás dos meus objetivos. Alguns anos depois, consegui comprar um carro e comecei a entregar compras para um supermercado da região. Minha intenção era fazer dinheiro com esse trabalho para trocar a minha habilitação e ter a permissão para conduzir ônibus. Foi então que apareceu uma oportunidade em uma emissora de televisão para dirigir uma van e fazer o transporte de artistas. Para esse trabalho, eu precisava ser registrada como motorista de caminhão. Era tudo o que eu precisava! Fui ganhando experiência ao volante até conseguir ir para uma viação de ônibus urbano, onde fiquei por oito anos. Depois fui para outra empresa e trabalhei por mais quatro anos como motorista rodoviária. Até que soube das vagas abertas na Cometa, me candidatei e fui lá fazer o teste. Nunca suei tanto na minha vida como nesse dia! Era uma mistura de alegria com ansiedade, porque entrar na Cometa era tudo o que eu mais queria na minha vida. Consegui passar no teste e aí veio a minha força de vontade de aprender mais sobre as linhas, os ônibus e todo o universo dessa empresa.
Durante essa trajetória, você enfrentou preconceito por ser mulher?
Algumas vezes. Me lembro de uma situação que me marcou muito durante um processo seletivo em uma empresa de ônibus rodoviário, logo no início da minha carreira. Quando eu soube do teste, levei meu currículo e minha carteira de trabalho. Ao chegar na sala de espera, vi que só tinha motorista homem, só havia eu de mulher, e o olhar deles para mim já dizia tudo. Durante a entrevista, antes de ir para o teste em si, o recrutador me perguntou por que eu queria ser motorista. Eu respondi que era o que eu amava fazer e ele retrucou: “mas você é mulher!” A partir daí, ele começou a questionar como seria quando eu me casasse, o que meu marido acharia, ou que faria quando eu tivesse filhos em função das viagens mais longas. Ao final da entrevista, ele não me deixou fazer o teste prático simplesmente por eu ser mulher. Foi o momento em que mais me senti desmotivada, mas ao mesmo tempo eu sabia que nunca ia desistir do meu sonho.
E como você superou esse desafio?
A gente aprende que tem que confiar no nosso potencial. Não é uma palavra ou um não que vai nos desanimar. Aquela palavra tem que ser alimento para nos fortificar e mostrar que a gente consegue. Quando alguém vem com um discurso que vai me colocar pra baixo, eu logo penso que aquilo não serve pra mim. Foi por isso que fiz o meu canal no Youtube, para fortalecer a mulherada e reforçar que nós, mulheres, conseguimos ir muito além. Para chegar em uma empresa como a Cometa, a gente tem que ter também muita força de vontade. A gente quebra paradigmas e rompe desafios todos os dias. Mas tratar os clientes com carinho e depois ouvir deles mesmos a diferença que é viajar com uma motorista mulher, isso não tem preço. A cada senhor ou senhora que me elogia, que agradece pela minha educação e pela minha condução na estrada, eu tenho a certeza de que estou fazendo um bom trabalho.
Para você, quais são os principais desafios de ser motorista?
Eu trabalho com tanto amor que não consigo ver desafio. Temos que ter atenção ao volante e saber que estamos com 42 a 68 vidas dentro do ônibus. Mas não é só isso. Cada vida ali, sendo conduzida, se multiplica, porque tem uma família em casa esperando por eles. Não sabemos se os nossos passageiros estão indo visitar um parente ou fazer uma viagem a passeio, mas sabemos que eles têm seus objetivos de vida e suas famílias. Então, a gente não vê desafios quando coloca isso como nossa responsabilidade.
Como é dirigir um Scania? A tecnologia ADAS, presente nos ônibus da marca, é um diferencial para você no dia a dia e ajuda a cumprir essa missão de transportar vidas com segurança?
Scania é Scania. Em todo lugar que chego, os motoristas falam a mesma coisa. Scania e Cometa foi a combinação perfeita. Não desmerecendo as outras marcas, mas me sinto muito realizada dentro de um Scania. Eu saio confiante, percebo que meu trabalho se desenvolve até melhor. É como um encontro de almas. A tecnologia do veículo faz toda a diferença e nos ajuda muito. Com o ADAS, o pneu não chega nem perto da faixa branca da estrada, o banco já te alerta. Quando um carro ou uma moto se aproximam, o veículo já sinaliza para que não haja colisão. O próprio carro faz com que você se atente ao que está fazendo. Sem falar que ouvimos muito dos passageiros que o ônibus é mais silencioso e não faz barulho.
O que você acha que ainda falta para que mais mulheres atuem no setor de transportes?
Mulher tem que buscar conhecimento. Não adianta só ter a habilitação, tem que ter curso e conhecimento técnico também. É o primeiro passo para que as portas sejam abertas. Precisamos quebrar o tabu de que mulher não conhece e não sabe. Durante a pandemia, por exemplo, eu fiz 26 cursos online, todos sobre transporte. Até curso de atendimento ao cliente pelo Sest Senat eu fiz. Acredito que para executar um bom trabalho temos que ter conhecimento, seja no volante de um ônibus ou de um caminhão.
Que conselho você daria para outras mulheres que sonham em trabalhar como motorista?
Acreditar em si e não desistir no primeiro obstáculo. Trabalhar no rodoviário é um sonho. Eu digo que você não trabalha, você passeia. É assim quando você conduz o ônibus com amor. Quando você dá amor, você recebe amor em troca. Penso que quem trabalha no rodoviário deve atender os clientes como se estivesse atendendo seu próprio pai ou sua própria mãe. E por último, um conselho que eu sempre ouvi da minha mãe: “não deixe qualquer pessoa te desmotivar”.
Por falar em mãe, ela foi a mulher que mais te inspirou?
Com certeza. Minha mãe foi mãe solteira, criou cinco filhos sozinha e ninguém foi para o lado errado. Ela vendia cerâmica, de porta em porta, e alimentou a gente com a venda desses potes. A vida dela não foi fácil. Nós nos reuníamos aos sábados e domingos para levar um saco pesado com essas cerâmicas nas casas das pessoas para vender fiado e depois receber. Impossível não se inspirar na história de vida e na força dela.
É essa força que te faz pensar no futuro? E o que podemos esperar da motorista Grace Kelly daqui pra frente?
Quero muito me formar instrutora. Quero ajudar, orientar e inspirar outras mulheres para que elas saibam que podem ir muito além do que imaginam.
Comentários
Alexandre Mateus:
Meus parabéns que Deus abençoe sempre
Ana Jocieli Lorenzi:
Minha amiga querida Grace kelly e um imenso prazer ser sua amiga nos mulheres somos guerreiras exercemos nosssa profissão com orgulho enfrentando preconceito muitas vezes de mulheres mesmos mas seguimos com orgulho carregando vidas .obrigado amiga por nos representar nessa linda profissão que fazemos no dia dia parabéns colega amiga do meu coração
Valdir Martelli:
Tenho oitenta anos de idade, já fui motorista de onibus e até hoje admiro muito os motoristas que dirigem bem, com perfeição, ainda mais agora que as mulheres estão dirigindo ônibus tambem.
Meus parabéns a todas as mulheres motoristas.
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