Estamos em evolução contínua e transformando a forma de gestão da frota de nossos clientes.”
Silvio Munhoz, Diretor de Vendas de Soluções da Scania no Brasil
Na sua opinião, quais são melhores opções de financiamento nesse cenário econômico, com a taxa Selic explodindo, o dólar alto, e o panorama instável de 2022?
Silvio Munhoz: Tínhamos o CDC como um grande agente financeiro, um meio de financiamento de caminhões, um pouco mais de 80% dos veículos eram adquiridos por meio de CDC. Com a subida da Selic, o quadro começa a se inverter, e com taxas mais competitivas as pessoas mudam para o financiamento Finame. A perspectiva é de que teremos o Finame tomando conta da situação até ter uma modalidade dando mais segurança ao transportador. O que se ouve dos bancos é que a curva de juros é uma grande determinante desses custos embutidos da compra futura. Então enquanto a taxa estiver subindo, a tendência é o cliente ir para o Finame.
A Scania tem tido uma história de sucesso com o caminhão movido a gás. Como tem sido essa experiência de vendas nesses últimos anos?
Silvio Munhoz: Tem sido uma experiência muito bem-sucedida. Apresentamos o caminhão a gás ao lançarmos a Nova Geração de Caminhões Scania no final de 2018. Na última Fenatran presencial, em 2019, começamos a receber os primeiros pedidos. Na feira, tivemos algumas vendas e depois um aquecimento lento da procura e interesse por caminhões, muito orquestrada por grandes embarcadores que têm compromissos com Science Based Targets ou com o Acordo de Paris, e que foram sendo envolvidos. Hoje vários transportadores nos procuram porque já encontram um mercado para oferta de um frete mais sustentável. Tivemos um crescimento exponencial das vendas nos últimos seis a oito meses e tanto quanto o diesel, o gás também sofre com a falta de componentes que todo o mercado está enfrentando. Então também temos tido entregas postergadas, mas temos sido positivamente surpreendidos com o interesse na capacidade que houve de reunir vários atores da cadeia do gás – produtores, distribuidores, fabricantes, se unindo para viabilizar a distribuição do gás. Fora a grande aposta do biometano, que aí sim teremos um salto em sustentabilidade ambiental, muitas vezes comparável ou até mais sustentável que a energia elétrica, que dependendo da fonte, como acontece na Europa, deriva da queima de carvão. O Brasil tem esse potencial. A possibilidade de produção do biometano é muito regionalizada, então vemos um grande avanço no caminho da sustentabilidade não só ambiental, mas social e econômica no transporte.
Existe uma tendência no transporte para alugar caminhões ao invés de comprá-los?
Silvio Munhoz: Eu não diria que é uma tendência generalizada, mas sim vem crescendo em certos segmentos de transporte. Temos já há algum tempo algumas empresas de mineração fazendo aluguel de caminhão, prática derivada das máquinas amarelas, de grande preço, em que o aluguel é quase a única forma de viabilizar o uso. Essa prática começou a permear o segmento de cana, se mostrou viável e algumas empresas dedicadas a aluguel tem investido nisso. Há um desafio para o segmento rodoviário em que o aluguel tem barreiras até culturais para entrar nesse mercado. Mas é algo que temos prestado atenção. Nos Estados Unidos é muito comum o aluguel de caminhões pesados, na Europa isso vem crescendo também. Não diria que é uma tendência, mas algo a que estamos atentos porque grandes empresas estão investindo no mercado nesse sentido.
Como você entende essa revolução da informação e do mundo, que também se estende ao mundo dos transportes?
Silvio Munhoz: A revolução da informação já vem acontecendo há algum tempo, com mais regulamentações para proteger a privacidade da informação de cada um de nós. Mas vejo também uma revolução que começou e vem tomando corpo que é a questão da sustentabilidade e do movimento ESG, que há dois anos ninguém falava e agora as empresas querem adotar metodologias e se mostrar ao mercado como defensoras do meio ambiente. Então essa evolução vem de forma muito sutil, abrangendo todos os segmentos da economia, inclusive o nosso. Clientes nossos já estão preocupados com as embalagens que vão descartar, por exemplo, e sabemos que nós, com o transporte, somos elemento fundamental em todo o processo, contribuindo local e globalmente. Somos parte do problema, temos que ser parte da solução. Todos estamos investindo muito dinheiro para buscar soluções sustentáveis e precisamos encontrar aquilo que combina com a realidade socioeconômica brasileira, que não é a mesma que a de outros países. Essa consciência e busca de uma solução mais adequada é fundamental, na Scania nos dedicamos a isso, e o Brasil precisa que a gente trabalhe nesse sentido. Temos alguns problemas e se pudermos avançar nessa contribuição, melhorando a sustentabilidade social e ambiental, sem impactar na econômica, certamente daremos um grande avanço para essa revolução acontecer.