Miniaturas de amor
Dois anos depois, outro amor preencheu a vida do casal: Nicole, hoje a filha mais velha. É dela a carroceria de uma das três réplicas em madeira que o pai, apaixonado pela pequena, pela esposa e por caminhões, mandou fabricar para eternizar, ainda mais, seu amor pelo modelo. “Mandei fazer as réplicas de madeira. Duas ficam guardadas com as miniaturas que coleciono e uma eu tirei para brincar com as crianças. Carrego a Nicole desde os seis meses. Ela deita na carreta e eu puxo o caminhão pela casa”, explica Elton.
Hoje, aos 6 anos, Nicole deu seu lugar na carroceria da réplica para a irmã mais nova, Liz, que com apenas cinco meses já se diverte nas aventuras do papai. Mas ao mesmo tempo, divide a boleia do jacaré com a mana: enquanto a pequena se acalma e dorme ao passear e ouvir o ronco do motor, Nicole aproveita para dar umas voltinhas com o pai e até pede para ele levá-la na escola a bordo do icônico 110.
“A Liz dorme dentro do jacaré. Às vezes ela está chorando, a gente a coloca no bebê conforto e sai para dar uma volta. Ela dorme, se acalma. Não sei se é o barulho ou o balanço, mas ela adora. E a Nicole pede para ir na casa da avó de jacaré, para ir para a escola, ela adora andar de caminhão. Para ela é a melhor coisa do mundo. Já teve até mãe de coleguinhas da Nicole que me pediram se o Elton poderia dar uma volta com o filho de tanto eles admirarem por ela falar do caminhão do pai na escola”, conta Ana, orgulhosa.
Além dessas lindas memórias afetivas que o casal tem construído na vida das filhas, eles também fizeram questão de registrar a gestação da Liz junto ao “terceiro filho”, o jacaré. “Quando nós casamos, saímos da igreja de caminhão. Na véspera da Liz nascer, a Ana quis fazer as fotos de gestante no Scania. Eu embarquei na ideia”, diz Elton.
Viver o sonho do outro também é sonhar
Da mesma forma, Ana também embarcou, um ano antes da chegada da Liz, no segundo sonho de infância do marido: comprar um Scania 113. “Depois que conseguimos comprar o jacaré, ele colocou como meta comprar o 113. Ele queria muito o 113 bicudo, topline azul. Ele gosta dos clássicos porque ele fala que é o que conta a história de verdade”, destaca.
“O 113 era um sonho da minha vida. Eu me lembro da propaganda do 112 em 1994, eu ainda era criança. A foto que aparecia era de um caminhão azul. Eu falava para o meu avô: ‘vô, é um desses aí que eu vou comprar’. E na verdade foi um até melhor, que foi o 113”, lembra Elton.
Aliás, foi do avô que veio a admiração pelo transporte. “Desde criança sempre gostei de caminhão. Na minha família acho que tivemos outros motoristas, mas não cheguei a conhecer. Talvez um parente distante, mas no núcleo mais próximo não tinha ninguém. Meu avô é que teve um sítio e entregava ovo com uma caminhonete pequena. Ele escoava a produção da granja para cidade e eu andava com ele para todo lado. Acho que foi assim que me apaixonei pelo transporte”, pontua.
E põe paixão nisso! É no volante do Scania 113 – e ele não abre mão disso, mesmo tendo outro caminhão mais novo, o primeiro zero km que comprou assim que se casou com Ana – que ele trabalha transportando carga seca na região Sul e em algumas cidades como Brasília, quando surge demanda. “Já tem um ano que estou trabalhando com o 113. O caminhão é muito bom de dirigir, uma delícia, super macio, a cabine tem suspensão a ar e você ainda viaja escutando o barulho do motor. É um prazer escutar o ronco do motor de um caminhão desses. O jacaré fica guardado e nos finais de semana que estou em casa, a gente passeia nele em família. Saímos para almoçar, viajar, participamos de encontros de carros antigos. São sonhos! Não adianta querer guardar tudo, temos que realizar sonhos e viver o hoje. Sonho é um plano para o futuro. Hoje, temos que tentar viver o presente mas pensar no futuro também”, relata o motorista.
Um futuro cheio de conquistas, amor, parceria e entrega, um pelo outro. Um futuro com brilho nos olhos, o mesmo brilho que fez a compra do Scania 113 acontecer. “O Elton brinca que para escolher caminhão tem que ser amor à primeira vista, o olho tem que brilhar”, conta Ana Claudia. Mas parece que a regra não vale somente para o trabalho, como para a vida também.
“Não é só por um fator que a gente se apaixona. Tudo contou: ela é de uma boa família, é linda, uma pessoa muito simples, simpática, compreensiva, companheira. Ela é tudo pra mim. E foi por isso que a nossa relação deu certo. A Ana é uma guerreira. É ela quem cuida da minha vida, da nossa casa e nunca me deixa desamparado em nada. A gente tem que valorizar muito isso e a família que temos”, declara Elton. “E se lá em casa posso ter como prioridade manter o caminhão certinho, pois é o que amo fazer e é de onde tiramos o nosso sustento, é também graças a ela. Tudo fica ainda mais fácil por causa da Ana”, conclui.
Ah se esse texto tivesse o poder de se transformar instantaneamente em imagem... Com certeza veríamos muito brilho nos olhos, amor e muita cumplicidade neste casal que, melhor do que ninguém, sabe bem como é quando os caminhos (e os olhares) certos se cruzam.