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Sucessão e liderança: a força da mulher no transporte de cargas
Enfrentar os desafios da liderança e ser mulher no setor de transportes: a empresária Bianca Abdalla Cartezani conta como equilibra a tradição familiar, as inovações do segmento e a busca pela qualidade de vida dos motoristas, enquanto desenha, ao lado do pai e no caminho da sucessão da empresa, o futuro da Zaz Brasil Transportes.
Assumir uma empresa familiar nem sempre é uma tarefa fácil. A jornada pode ser ainda mais intensa se a liderança
for feita por uma mulher em um setor predominantemente masculino como o de transporte de cargas. Mas nada disso
é obstáculo para Bianca Abdalla Cartezani, que assumiu a missão de dar continuidade ao legado do pai e enfrentar
os desafios de ser mulher à frente da transportadora da família.
A história da empresa começou há 40 anos, quando o fundador, Davi Cartezani, pai de Bianca, decidiu ingressar no
setor de transportes. Com uma trajetória profissional dentro da indústria automobilística, ele enxergou uma
oportunidade promissora no segmento e, com apenas um caminhão e muita determinação, deu início ao negócio. Não
dirigiu o caminhão, mas guiou a Zaz Brasil Transportes com maestria, empresa que atualmente é gerida pela filha.
Bianca acompanhou boa parte desse caminho, desde a infância vendo e aprendendo com os passos do pai até a chegar
à liderança dos negócios da família. Entre desafios, mudanças e inovação, ela fala, nesta entrevista exclusiva à
Jornada Scania, sobre a transição geracional, o papel das mulheres no setor de transportes e os planos para o
futuro da transportadora. Confira:
Como começou a história da empresa?
Meu pai é de Sorocaba (SP) e atuou na indústria automotiva, já com o pensamento de se aposentar na empresa em
que trabalhava. Como ele era da ferramentaria, se aposentou cedo, por conta da insalubridade. Aos 45 anos, saiu
da empresa e já tinha o sonho de entrar na área de transporte de cargas. Na época, um amigo mencionou que o
transporte de automóveis iria crescer muito no Brasil, e ele decidiu apostar nisso. Começou no sindicato dos
cegonheiros em uma época bem diferente de hoje, em que os caminhões ainda eram mecânicos e as estradas bem
ruins. Mas ele mesmo nunca dirigiu caminhão, sempre foi uma paixão pelo setor de transporte. Pensou de ter o
próprio negócio para poder estar mais em casa, passar mais tempo com a família. Ele começou então com um
caminhão, depois dois, três... e quando percebeu, já tinha dez.
E como você passou a se envolver com a transportadora?
Eu sempre gostei do setor. Cheguei a trabalhar na área de Marketing de uma grande montadora e já naquela época
meu pai pensava na sucessão. Como sou filha única, ele me chamou para ajudar na parte financeira e
administrativa quando eu tinha 23 anos. Saí da empresa em que estava, ativei meu CRC [Certificado de Registro
Cadastral, documento que permite que profissionais da área da Contabilidade possam exercer a profissão] e
comecei a atuar como contadora, inclusive para outros clientes do setor de transportes. Fiz pós-graduação em
Administração e fui assumindo mais responsabilidades na empresa. Acredito que uma empresa familiar prospera mais
quando a família trabalha junta. Crescemos de dez para 12, depois 14, e hoje temos 20 caminhões.
O que motivou vocês a escolherem a Scania para fazer a renovação da frota?
Temos muito orgulho de ter a marca, que é muito parceira. Olhamos também para a questão da economia e baixa
manutenção. Procuramos sempre renovar a nossa frota e trabalhar com caminhões mais novos, e a Scania tem muito
mais durabilidade. Como operamos principalmente na região Nordeste, precisamos de um caminhão mais robusto, e a
Scania entrega exatamente isso. Acompanhamos a média dos motoristas, que chegam a fazer de 3,5 a 4 km por litro.
Agora, estamos implementando o Scania Fit para acompanhar o desempenho dos motoristas. Antes íamos muito pelo
feeling deles e a parte financeira da empresa, mas agora a nossa ideia é acompanhar mais de perto
individualmente. O próximo passo, depois de ter essa parceria com o Scania Fit, é ter as métricas para começar a
fazer metas individuais para cada motorista. Não uma meta comparativa, mas para entender a habilidade do
motorista para ele se aprimorar dentro do que já faz, ajudando cada um a melhorar sua dirigibilidade e
eficiência.
Houve desafios por ser mulher assumindo a gestão da transportadora? Você que já esteve no ambiente corporativo,
percebeu diferença para uma empresa de transporte própria?
Nunca senti preconceito, nem no corporativo nem na minha própria empresa. Temos 19 motoristas homens e apenas
uma mulher, a Sheila, e às vezes os desafios são mais de comunicação do que de gênero. Vejo que muitas mulheres
ainda falam da dor da discriminação do século 20, mas estamos no século 21 e nosso espaço já foi conquistado.
Acho que a gente tem que esquecer um pouco da dor de a mulher ser discriminada e olhar para frente pensando em
como nós podemos melhorar em termos de qualidade de vida. As mulheres conquistaram o direito de estar no
mercado, mas muitas ainda estão sobrecarregadas. Precisamos olhar para a saúde mental e estruturar formas de
garantir equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
Você enxerga diferenças no desempenho e comportamento de motoristas mulheres e homens?
As estatísticas do setor de automóveis mostram que mulheres costumam ser mais cuidadosas no trânsito. No nosso
caso, como temos apenas uma motorista, não dá para traçar um padrão, mas a Sheila é extremamente atenta. Quando
é uma estrada mais perigosa, ela tem um pouco mais cuidado, procura ter mais atenção, pesquisar a região para
onde ela vai, até pela própria segurança dela. Ela fez o treinamento de motoristas e já tem preocupação com a
economia de combustível. E não é que os homens não tenham, mas ela chegou e já tem esse olhar. Também tenho
motoristas homens que são muito cuidadosos. Então o que podemos falar é que ela está dentro do mesmo padrão dos
homens de excelência da empresa.
Você tem vontade de aumentar a quantidade de mulheres motoristas no quadro de colaboradores da empresa?
Queremos aumentar sim o número de mulheres na equipe, mas percebemos que a procura ainda é baixa, talvez pelo
fato de que muitas têm filhos pequenos e ficam receosas de passar longos períodos fora de casa. Mas capacidade
elas têm, e contratamos tranquilamente se aparecerem candidatas interessadas.
Quais são os planos para o futuro da transportadora?
O Brasil é um país desafiador para empreender e manter uma empresa, com uma economia que às vezes chacoalha.
Então nosso primeiro objetivo é preservar o que já construímos. Meu pai tem 40 anos de empresa e acho que, no
mínimo, eu tenho a obrigação de manter o que já existe e crescer na medida do possível. Mas mais do que crescer
em número de caminhões, queremos evoluir de modo saudável em todos os sentidos, garantindo qualidade de vida
para nossos colaboradores. A tecnologia aliada ao fator humano será essencial para esse crescimento sustentável,
e estamos focados em desenvolver nossa equipe e modernizar cada vez mais nossa operação.
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