[ Amor pela Scania - Episódio #2 ]
A paixão está no sangue
[ Texto: Simone Leticia Vieira / Fotos: Arquivo pessoal ]
De geração para geração: Miriéle Ferraz de Souza herdou dos pais a paixão pela Scania e pelo transporte. Desse legado, viu nascer um sonho, que hoje se transformou em realidade.
O
que você quer ser quando crescer? Com certeza você ouviu essa pergunta muitas vezes quando criança. É na infância, quando somos bem pequenininhos, que a gente começa a sonhar com o futuro. Tem gente que quer ser mecânico como o pai, professora como a mãe ou até mesmo “trabalhar no escritório” como a irmã mais velha. E tem gente que já desde cedo sonha em ser motorista de caminhão. Foi assim com a Miriéle Ferraz de Souza, que há cinco anos está na profissão.
O amor pelo transporte, pela Scania e por caminhões ela herdou dos pais. A mãe, Laudiceia Nadir de Alencar Souza, era professora, mas sempre foi apaixonada por caminhão. Ao conhecer o esposo, que era e ainda é carreteiro, foi para a estrada com ele. Com o passar do tempo, engravidou, teve quatro filhos – Miriéle, Amanda, Fernanda e Leonardo – e com as crianças pequenas ficava mais difícil passar tantos dias fora de casa. Laudiceia foi, então, trabalhar como motorista de ônibus. Foram 17 anos no volante de um modelo articulado e, com os filhos já adultos, pôde voltar para o caminhão. Hoje, ela tem seu próprio Scania e viaja todo o Brasil, ao lado do marido, desde sempre a sua inspiração.
"Já há quase três anos estou trabalhando com a carreta. Meu esposo tem uma e eu tenho outra. Geralmente viajamos para o Nordeste do Brasil. Quando tem viagem para os dois caminhões, ele vai com uma carreta e eu vou com a minha. Quando não tem, nós vamos juntos no mesmo veículo. É muito bom! A viagem em si é maravilhosa, você conhece muita gente, muitos lugares bonitos. Sou mesmo muito realizada nessa profissão”, conta Laudiceia.
Amor maior que eu
Miriéle tem boas lembranças desse período, que marcou a paixão no sangue. “É de família. Meu pai sempre foi caminhoneiro e sempre Scania, nunca vi ele trabalhar com outra marca de caminhão. Ele inclusive tem um modelo novo e um jacaré 111, que fica na garagem para passeio de fim de semana. Minha mãe também é caminhoneira, aprendeu com ele. Eu sempre andava com eles quando era pequena. Quando estava de férias, viajar de caminhão já era o combinado e foi daí que surgiu a minha paixão”, destaca Miriéle.
E foi seguindo a jornada da mãe que Miriéle deu os seus primeiros passos no transporte. Quando ela começou, aos 25 anos, foi a bordo de um ônibus Scania, nas linhas rodoviária e urbana. Mas o fascínio pela boleia falou mais alto e Miriéle não desistiu do sonho de dirigir uma carreta. “Eu gostava de trabalhar com ônibus, mas não era minha paixão. Trabalhava com Scania também, foram seis anos na empresa. Mas aí surgiu a oportunidade de ir para a carreta e eu não pensei duas vezes”, conta.
Hoje, é no volante de um R 500 da Nova Geração que Miriéle se realiza, na vida e na carreira. “É maravilhosa, surpreende no desempenho, na economia, na segurança, em tudo. É perfeita!”, revela.
Com o bitrem dessa cabine perfeita, ela transporta grãos pelo Sudeste do Brasil. “Viajo muito em São Paulo e para Minas Gerais. Saímos do interior e vamos para a baixada santista, região do porto. De lá, saio com o caminhão vazio e fico aguardando um carregamento, uma posição por parte da logística. E então a empresa manda a gente para o interior, São Paulo capital ou Minas Gerais, depende de onde tem carregamento”, explica.
Nessas idas e vindas, lá se vão alguns dias fora de casa. “Não fico muito tempo fora, uma semana, 15 dias. Sou casada e tenho uma menininha de cinco anos. Não é fácil, mas ela fica com o pai e a avó paterna e sempre que estou passando por aqui [São Paulo], como é rota, passo pela minha casa”, diz.
Fazendo a diferença
A saudade da família é apenas um dos desafios que ela enfrenta. Talvez o mais pesado deles, porque os demais já estão sendo superados. O fato de ser mulher e estar ao volante, por exemplo, já foi um deles, mas felizmente hoje ela vê essa realidade mudar – e, claro, também faz a sua parte para fortalecer a presença e a competência feminina nas estradas.
“Percebo que isso melhorou bastante de uns anos para trás até agora. Sou a primeira mulher na empresa em que trabalho e lá todos me receberam muito bem. Mas foi uma mudança muito grande para eles, para os outros motoristas e colaboradores. Eles mesmos falam que nunca teve uma mulher motorista, então eles dizem que têm que cuidar de mim. Banheiro feminino, por exemplo, nunca ninguém pensou nisso. Mas vejo que essa realidade está mudando. Os postos estão melhores, mais preparados para as mulheres, e acredito que tende a melhorar a cada dia, pois tem bastante mulher no trecho. Tem muita gente que admira, dá os parabéns na estrada. E se a gente está fazendo a nossa parte, sendo honesta, só tende a encontrar pessoas boas no caminho”, ressalta.
Esse caminho precisa – e vai – ser longo, porque ela não se vê fora da boleia. “Não me imagino longe da estrada, não sei fazer outra coisa. É sofrido, tem perigo, mas eu amo o que eu faço. Me sinto 100% realizada, eleva meu ego, minha autoestima. Me sinto realizada onde estou”, sorri. E com uma paixão tão enraizada, um vínculo criado por mais de uma geração da família, ela tem ainda mais certeza de que está na direção certa. “Dá uma certeza de que é aqui mesmo que eu deveria estar”, conclui. Alguém duvida?
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