[ HOMENAGEM – EPISÓDIO #8 ]
O paizão da família
[ Texto: Simone Leticia Vieira / Fotos: Arquivos pessoais / Locução: Mônica Camillo / Produção: 528 Comunicação Com Propósito ]
Ele foi grandioso, como homem e líder. Esteve sempre muito presente em todas as famílias por onde passou, desde a sua pessoal como a família Scania. E como um bom pai, foi exemplo e inspiração na criação de seus filhos, quer fosse em sua primeira ou segunda casa – a Brasdiesel. Emocione-se com a homenagem da Scania Brasil para Itamar Zanette, ex-diretor e fundador da maior Casa da marca no mundo.
A
mor. Já parou para pensar que embora seja uma palavra pequena, é ela que grandemente norteia nossas atitudes? Mais que um substantivo, amor é verbo. É nas ações que ele se manifesta e é ainda na infância, com nossos pais, que aprendemos a praticar esse sentimento tão bonito. Amamos nossa família e por isso nos dedicamos a ela; somos ensinados a amar nosso trabalho, e é por essa razão que nos empenhamos em fazer com que a carreira profissional dê certo.
Amor fica, cria raízes, cresce. Brota, cultiva, semeia. Como uma planta e também como parte da natureza, sempre tão perfeita, se transforma, mas nunca se vai por completo.
Assim como o amor, algumas pessoas têm esse dom. São tão especiais que chegam e ficam, nunca se vão por inteiro. Deixam marcas felizes e nos ensinam, mesmo quando fisicamente já não estão entre nós, a seguir nesse mesmo propósito: ser e levar amor, por onde for.
Assim foi Itamar Fernando Zanette, ex-diretor da Brasdiesel. Era impossível não gostar dele. Dono de um sorriso largo e um bom humor cativante, sabia cultivar as relações como poucos. Ao seu redor, não havia espaço para a tristeza. Mas tinha sim muita alegria e entusiasmo, muita vontade de fazer o bem, sem olhar a quem. Não perdia uma oportunidade de ajudar. Nem de organizar uma boa festa ou uma viagem entre amigos – pois era assim que tratava os clientes da Casa, os colaboradores Brasdiesel e também quem o acompanhava na vida pessoal. Por ser assim, amoroso, preocupado com o bem-estar do próximo antes mesmo que com o seu próprio, era sempre o paizão da família - a sua, a do trabalho e até a família de amigos que construiu ao longo dos seus 59 anos.
“Nas viagens se falava que era a família Scania e realmente a gente via que se existia a família Scania, o Itamar ele era o paizão da família. Ele colocava todo mundo debaixo do braço e levava. Os mais de idade iam viajar, muitas vezes não sabiam falar inglês, italiano, espanhol, seja qual fosse a língua do país, meu pai levava junto, indicava, levava nos parques. Desde com as crianças até idosos, fazia isso com todos, com gosto e muito carinho”, conta Luís Eduardo Zanette, filho mais velho de Itamar.
Lembrar do Itamar dá um nó na garganta de muita gente, porque a saudade é grande e aperta, mas também desperta sorrisos e uma admiração sem fim. Mas é essa admiração e as boas lembranças que queremos compartilhar hoje. Reunimos algumas pessoas que fizeram parte da vida dele para relembrar histórias e sorrisos. Carinhosamente escolhidas, são elas que representam algumas das famílias do Itamar.
E como não poderia ser diferente, esse bate-papo começa com as boas e divertidas recordações das viagens feitas pela família Brasdiesel com os clientes e amigos da Casa que participavam das promoções de viagem do Consórcio Scania.
“Em uma das primeiras viagens para a Disney ele inventou de fazer uma camiseta amarela. Então todos os clientes da Brasdiesel vestiam amarelo. Nos parques vinha uma multidão de amarelo e todo mundo sabia que eram os clientes chegando”, diverte-se o filho. “E as iniciativas partiam do Itamar. Era ele que puxava à frente, inventava essas modas e no aeroporto mesmo já estava distribuindo os kits. E ele orientava até como usar. Ali já iniciava a viagem, o contato com os clientes, tudo para que fosse uma viagem prazerosa e o cliente não precisasse se preocupar com nada. Essa era uma característica marcante dele: ele pensava em tudo. Não passava nada sem ele se lembrar”, completa.
Marcos Radaelli é gerente geral de vendas da concessionária e lembra bem de como era fazer parte desses momentos ao lado de Itamar. “Uma particularidade que o Itamar tinha era de transitar muito bem entre clientes e família. Era uma característica dele. Onde ele chegasse, em cinco minutos já fazia amizade com todo mundo, conversava com todos. Muito cliente do interior, que nunca sequer tinha entrado em um avião, nós levamos para a Europa, para andar de trem, de metrô. Às vezes a gente perdia um cliente pelo caminho, ficava alguém para trás porque a gente andava em bando. Era muito divertido”, conta.
Mas mesmo com o dia a dia do trabalho e as viagens para acompanhar os clientes da Brasdiesel - em que ele levava a esposa, Liliane Zanette, e os filhos Luís Eduardo, Nathália e Caroline -, Itamar sempre foi muito participativo em casa e na família pessoal. “Ele sempre foi muito presente, mesmo com todos os compromissos. Nunca perdia uma festinha na escola, dia dos pais, das mães ou qualquer coisa no colégio, ele estava sempre junto. Eu lembro que um ano a Nathália, quando mais nova, tinha que fazer um dragão chinês para um trabalho da escola e ele passou a noite toda fazendo o tal dragão chinês com ela e uma colega. Era um grupo, as duas ficaram responsáveis por preparar e no dia seguinte tinha o desfile do dragão. Ele ficou a noite toda acordado, depois tomou um banho e foi trabalhar. Ele era assim, um pai exemplar, marido também. Tínhamos uma conexão muito boa, éramos muito companheiros, muito amigos e fomos muito felizes juntos. Ele contava que os clientes não queriam comprar cota de Consórcio porque era a primeira vez que iam viajar para fora do Brasil. Mas ele dizia que a gente ia para ficar com eles e era o que fazíamos. Acompanhávamos, a gente se dividia e começamos a fazer amizades. De clientes se tornaram amigos. Em todas as cidades que têm Brasdiesel temos algum cliente que já viajou ou jantou junto conosco”, relembra Liliane.
Guiado pelo coração
Dessa mesma forma, Itamar também se manteve presente e ativo nas Associações de Motoristas das cidades vizinhas à Caxias do Sul, como Garibaldi e São Marcos, mais conhecida como a cidade Scania.
“Sempre tive o apoio particular do Itamar que muito me ajudou desde o início. Em termos de Associação, estamos completando agora 35 anos. Nesse tempo todo, o Itamar esteve presente. Não lembro de ele não ter vindo em alguma de nossas festas. Tive o prazer de ser presidente aqui e a incumbência de participar das negociações de caminhão e sempre a última palavra era do Itamar, apoiando a gente. Simpatia, não havia tristeza, sempre com bom humor, esperançoso, e mesmo nos momentos mais difíceis do transporte, ele era otimista. Apoiava os vendedores e tenho certeza que tanto aqui na Associação como a cidade de Garibaldi sente muito pela partida dele. Mas fica a boa imagem e ela ficará gravada na mente de todos nós, não só nas fotos, mas na mente das pessoas. Todas as vezes que ele esteve aqui, só trouxe alegria”, comenta, emocionado, Rudimar Benini, atual presidente da Associação dos Motoristas de Garibaldi.
Em São Marcos não foi diferente. Arisoli Macedo dos Santos, mais conhecido como Neguinho, é presidente deliberativo da Associação de Motoristas de São Marcos. Virou amigo da família, participou de muitas viagens do Consórcio e colecionou boas histórias ao lado de Itamar, por quem sente uma gratidão imensa. “A Associação completa 41 anos esse ano e 50 de festa de motorista e o Itamar era a pessoa que nunca ficava de fora. Principalmente onde tinham nossos amigos caminhoneiros e empreendedores da área de transporte. Ele sempre falava: ‘a gente tem que saber e ter certeza de que o proprietário de um caminhão ou de 100 caminhões foi, antes de qualquer coisa, motorista. A gente tem que falar a linguagem do caminhoneiro sempre para ele se sentir confortável. Quando fiquei presidente em 2012, fui falar com ele para fazermos uma sala cultural em São Marcos. Ele foi a primeira pessoa que abraçou a ideia e me deu um incentivo muito grande. Ele não gostava das palavras ‘não’ e ‘acho’. Era tudo ‘sim’ e ‘vamos fazer’”, lembra.
E ali, no lugar conhecido como a cidade Scania, ele está deixando muita saudade. “O Itamar ajudou muito a conservar São Marcos como sendo a cidade Scania. É uma perda muito grande que tivemos, mas com certeza ele está nos nossos corações. Ele era um visionário. Quando queria uma coisa, ele fazia, ia até o fim. Fazia as coisas acontecerem pelo bem de todos. Tenho uma admiração muito grande, na minha vida particular com minha família, e só tenho a agradecer. Onde eu estava, ele fazia questão de vir jantar na minha mesa ou de me levar até casa a casa dele”, destaca Neguinho.
Segunda casa
Além das festas dos motoristas, se tinha um lugar onde Itamar também se sentia feliz – e fazia tanta gente feliz também – era na sua segunda casa, a Brasdiesel. Foi ele o responsável pela fundação da maior Casa Scania no mundo.
“Desde que cheguei, toda a visão que ele teve de criar a nova concessionária em Caxias, como ele colocou corpo e alma dentro desse negócio. O que mais me marcou foi o dia da inauguração e o quanto ele estava se sentindo realizado, vendo os clientes, a família e a cidade realizada, além de nós da Scania. Isso mostra quem foi o Itamar: a grandeza do que é aquela instalação e a preocupação dele com os mínimos detalhes, não queria deixar escapar nada: desde atender todo mundo, aos caminhões antigos. Comida tinha para todos os gostos, música de todos os estilos. Tive vários momentos ao lado do Itamar, mas esse ficou muito marcado para mim. Ele foi uma pessoa que soube representar muito bem a marca, o negócio e a filosofia da Scania – respeito pelo indivíduo e cliente em primeiro lugar. Não existe uma pessoa que melhor representava, dentro da Brasdiesel, a marca Scania e família Scania, seus clientes e a família Brasdiesel. E para mim essa é a marca registrada dele: a dedicação, o amor e a paixão que ele tinha tanto para a Scania como para a família”, destaca Roberto Barral, vice-presidente das Operações Comerciais da Scania no Brasil.
Volnei Misturini é diretor da Brasdiesel e viu de perto essa dedicação no dia a dia do trabalho dentro da concessionária. “Trabalhamos sempre muito a sério em nossas atividades, desenvolvemos a Brasdiesel como deveria ser, fizemos muitos eventos marcantes juntos a clientes (Associações de Motoristas, Encontro dos Jacarés, etc.), e a construção da maior concessionária Scania do mundo, que foi um grande desafio, feito com planejamento para o futuro, em conjunto com nosso conselho de administração”, conta.
A intensidade e a energia que colocava no trabalho eram as mesmas na convivência com os amigos. “Tínhamos momentos de bate-papos e descontração depois do expediente, ficávamos horas trocando ideias, experiências, o larga e pega do dia a dia, para vermos o que sobrou de bom na empresa e em nós próprios. Nos recarregávamos para o dia seguinte. Outra lembrança marcante eram os jogos que íamos juntos na SERCAXIAS. Eram tardes ensolaradas e também às vezes chuvosas, momentos extraordinários de alegrias, de puro divertimento, onde vibramos muito”, lembra Volnei.
Encontro de amigos
A concessionária foi palco para muitas comemorações da família Scania. Também abriu as portas para os famosos Encontros de Jacarés, realizados pelo Clube Amigos do Jaca. Samuel Moreira dirige o Clube e conta que com a ajuda de Itamar o evento se tornou grandioso, chegando a reunir, em uma só edição, 63 jacarés, como é conhecido o Scania L 111, um dos modelos mais antigos da marca. “Itamar era um visionário, uma pessoa muito especial. Tinha sensibilidade para as coisas, era uma pessoa muito divertida. Ele era um amigão”, comenta.
Ele conta que o Amigos do Jaca, nome hoje registrado pelo INPI por orientação do próprio Itamar, surgiu de um encontro informal, mas que foi ganhando corpo, tomando vida e segue inspirando outros apaixonados pelo modelo dentro e fora do Brasil. A última edição foi, inclusive, realizada dentro da Brasdiesel. “O Clube Amigos do Jaca nasceu na reunião de três amigos: Muraro, Romeu Suzini e Smiderle, presidente do grupo. Eles falaram do encontro de jacarés, aquilo se estendeu, saiu do papel e em 2016 se tornou real. A Brasdiesel já era parceira, apoiava o encontro, mas que estava começando e acontecia num posto. Em 2017, o encontro ficou maior e o Itamar viu nisso uma oportunidade de tornar o encontro grandioso. Convidou a gente para levar o encontro para dentro da concessionária. É algo inédito. Um encontro de caminhões já é inusitado, mas o encontro de uma marca só e dentro de uma concessionária é de tirar o chapéu. O evento é fez história e nada disso teria acontecido se não fosse a visão do Itamar de perceber o alcance disso”, destaca Samuel.
Um grande legado
Foi nessa Casa que Itamar construiu outras tantas histórias. Foi ali que deixou também parte do seu legado, que será seguido, com o mesmo amor que ele era, sentia e emanava.
“Não existe a história da vida do Itamar sem a Brasdiesel, a Scania, as Associações, os clientes. O legado dele é todo esse. Ele dizia que não ia trabalhar pelo salário ou pelo emprego, mas porque tinha lá na empresa famílias que dependiam do seu suor, do seu emprego e dedicação. Ele dizia sempre ‘preciso ajudar as pessoas quando elas precisam. Não adianta oferecer ajuda quando elas não precisam’. As pessoas vêm comentar com a gente que quando mais precisaram o Itamar ajudou. Não existe alguém que comente que o Itamar era só o diretor da Brasdiesel ou quem me vendeu um caminhão, mas aquele que me vendeu o caminhão, veio na minha casa, almoçou na minha mesa, virou meu amigo e da minha família, meus filhos gostavam muito dele. É o que a gente mais escuta. Do jeito dele, sem esforço, sem interesse ou segundas intenções, ele marcava a vida de todos. Olhava de igual para igual um governador, um motorista de caminhão, jardineiro. Tratava todos de igual maneira sem qualquer privilégio”, orgulha-se o filho Eduardo.
Privilégio mesmo foi o de quem teve a sorte de conhecê-lo e conviver, no dia a dia, com alguém tão especial. Um verdadeiro mentor, como disse Juliéte Pedrotti, coordenadora de Marketing da Casa. “Foi um privilégio trabalhar e conviver com o Itamar. A gente fica com o coração apertado, mas ao mesmo tempo com sentimento de gratidão por ter tido a oportunidade de ter por perto uma pessoa tão querida e que foi um grande mentor para todo mundo. Vai fazer muita falta e fica a responsabilidade de seguir o legado dele. Nosso departamento agora está trabalhando na sala que ele trabalhava e quando recebemos a notícia da mudança, viemos com muito amor. Porque daqui, dessa sala, grandes planos saíram do papel e se tornaram projetos incríveis e a gente espera dar continuidade nesse legado”, diz, emocionada.
Uma grande família
Com tantas histórias e muitos exemplos a serem seguidos, fica difícil resumir quem foi Itamar em uma só palavra. Mas esses parceiros de vida e de jornada até que tentaram eleger uma expressão que representasse o amigo e o legado que ele deixa.
Pode até ser que, se somarmos tudo o que foi dito até aqui e o turbilhão de boas emoções que lembrar do Itamar é capaz de despertar, a gente encontre a declaração ideal para representar quem foi o Itamar para a família, os amigos, as cidades, a Brasdiesel e a Scania. Mas ainda assim ela será pequena perto do grande homem que ele foi. E se entre as pequenas existe uma palavra que engloba o que todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo sentem, essa palavra é amor – como bem disse o seu grande amor, Liliane. Itamar foi amor em estado sólido. Segue sendo amor em que estado for e em qual dimensão estiver. Porque, como dizíamos no início dessa reportagem, amor de verdade nunca se vai. E a saudade? Ah...a saudade é o amor que fica também.
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