[ DIA DOS PAIS – EPISÓDIO #9 ]
A certeza de que valeu a pena
[ Texto: Simone Leticia Vieira / Fotos: Arquivos pessoais / Locução: Mônica Camillo / Produção: 528 Comunicação Com Propósito ]
Para celebrar o Dia dos Pais, contamos uma história inspiradora de quem foi para a boleia por influência de seu próprio pai e hoje segue plantando o bem e o amor pelas estradas por onde passa.
A
mor. Uma palavrinha tão pequena e tão transformadora. Um sentimento que é substantivo e verbo ao mesmo tempo. Uma emoção tão profunda que te faz descobrir o que de melhor tem dentro de você. Imagina, então, quando tudo isso vem daquele que te proporcionou a vida, te segurou para os primeiros passos, acompanhou suas primeiras palavras, te deu a mão quando você mais precisou? Talvez, pela intensidade, amor também signifique pai. E é sobre ele – pai ou amor, como você preferir chamar – que vamos falar hoje.
A história que vai te inspirar neste Dia dos Pais vem lá de Sete Lagoas, em Minas Gerais. E já começa falando mesmo de amor: “Eu me redescobri como pessoa depois que fui pai da Laura. Todo mundo tem a sua força, conhece seus limites, mas depois que você é pai, como no meu caso, eu me redescobri e encontrei uma força em mim que nem imaginava que eu tinha”, conta Fabrício Borba.
Laura tem quatro aninhos e pode ainda não imaginar o tamanho dessa força e desse amor. É por ela que Fabrício, motorista autônomo de um Scania 112, sai dia após dia para as estradas mineiras do Quadrilátero Ferrífero, carregado de minério, ferro gusa ou liga metálica para atender os terminais multimodais ferroviários da região, localizados em um raio de aproximadamente 200 km. As viagens a bordo desse icônico modelo, de cinco eixos e com capacidade para 26 toneladas, são curtas, em média 400 km por dia. Mas ainda assim, mesmo estando mais presente em casa como tantos outros pais caminhoneiros nem sempre conseguem, a saudade aperta o coração.
“Às vezes passo três dias sem ver a Laura mesmo rodando perto, porque saio e chego e ela está dormindo. A distância, a ausência da família, é de longe o maior entrave para ser caminhoneiro. A saudade te consome, não é fácil para quem se dedica à família. Inclusive essa é a principal queixa do caminhoneiro de qualquer natureza: do que viaja para longe, do que está perto, pois muitas vezes não consegue acompanhar momentos que não têm preço”, conta Fabrício, que é motorista há 22 anos, seis deles como autônomo.
Ele mesmo viveu o outro lado dessa moeda. Filho de caminhoneiro, herdou do pai a paixão por caminhão e a vocação para o volante. “Meu maior inspirador para entrar na profissão foi meu pai, que foi caminhoneiro por 40 anos. A gente cresceu num ambiente em que tudo que a gente foi e é dependia de um caminhão. Então na minha vida não podia ser diferente. Era uma condição muito difícil na época e até um passeio dependia do caminhão. Como criança, você começa a admirar, se apaixonar, porque só conhece a magia que o caminhão transmite. Por total influência do meu pai, assim que pude, tirei a carta, sempre batalhando por aquilo que acredito”, destaca.
É essa mesma garra que também leva Fabrício a pensar no futuro. “Quando a Laura nasceu, tinha um programa na minha cidade em que a Prefeitura plantava uma árvore para cada criança que nascia. E coisa boa a gente tem que repetir e copiar. Então pensei: por que não plantar uma árvore, se quando minha filha nasceu a Prefeitura plantou uma árvore por ela?”, diz.
Foi assim que surgiu o projeto que ele mesmo criou para incentivar o plantio de mudas. “Pela influência do caminhão na minha vida, eu sempre compartilho conhecimento. Acho importante dividir o que a gente sabe e aprende. Quando algum motorista me perguntava algo, tirava uma dúvida, queria aprender algo com o caminhão, na prática, eu ensinava, mas nunca quis receber por isso. Então falava para a pessoa que, se quisesse me pagar, doasse uma cesta básica para um asilo ou fizesse uma outra ação nesse sentido. Mas de um tempo para cá, tive a ideia de falar com alguns deles para fazerem a doação de uma muda de árvore. As grandes empresas têm seus protocolos ambientais, mas no meu caso, como motorista autônomo, como posso fazer a minha parte? É pouco, mas foi a forma que encontrei de ajudar a minimizar o impacto das emissões da minha atividade. Acho que isso é um legado que temos que deixar para os nossos filhos. Eles têm que aprender que podemos não alcançar a perfeição, mas lá na frente minha filha vai ver uma árvore e vai lembrar do meu exemplo e do meu ensinamento pra ela”, conta Fabrício.
A semente do amor
E se até agora era a pequena Laura uma das grandes incentivadoras desse olhar pelo bem do planeta que ficará para as gerações futuras, agora Fabrício tem mais um motivo para se reinventar, redescobrir e ser amor, por onde for. É que a esposa Andréia está à espera da Luiza, a segunda filha do casal. Mesmo ainda “no forninho”, na barriga da mamãe, Luiza já derrete o coração desse paizão, que ao chegar de qualquer viagem, curta ou longa, terá agora uma recepção de abraços e sorrisos triplos. “Chegada, a palavra já diz: é a certeza de que valeu a pena. De que ali está a sua fonte de energia, de que vale a pena celebrar a vida. De que preciso ser e estar forte. Mexe com a alma da pessoa, com meu eu. É muito bom saber que alguém te espera, que você é importante para alguém, que sua atividade é muito importante para alguém. A chegada para ver minha filha e esposa é o principal motivo da minha vida hoje. E com a Luiza, meu coração transborda de pensar nas possibilidades de amor que a gente pode aconchegar, isso é maravilhoso”, afirma, emocionado.
É também com emoção que ele deixa sua mensagem, hoje, para o futuro: “Se eu pudesse falar agora para elas ouvirem lá na frente, eu diria: resistam e não desistam. Os passos de cada uma vão direcionar para o caminho que vocês escolherem. Hoje, eu escolho o caminho do bem, reto e correto. Espero, de verdade, que Laura e Luiza trilhem sempre o caminho do bem, que é onde também vão estar as dificuldades, mas a certeza de que vão alcançar a verdade. Que tragam consigo as maravilhas da vida e uma delas é a certeza do amor, que é a base de tudo. Quando você tem amor, você consegue enxergar o lado bom da vida. As coisas ruins podem aparecer no seu caminho, mas o amor é a certeza de que vão alcançar e tudo vai dar certo. Que plantem a semente do amor”, finaliza Fabrício.
Ao preencher o formulário, autorizo a utilização dos meus dados para envio de comunicações relacionadas aos meus interesses e concordo com a Declaração de Privacidade.
* Você pode revogar seu cadastro a qualquer momento.