[ Sustentabilidade ]

A primeira vez a gente
nunca esquece

[ Texto: Simone Leticia Vieira / Fotos: Wagner Menezes ]

A Scania e a ZEG, empresa do Grupo Capitale Energia, colocam o primeiro caminhão 100% movido a biometano em operação no Brasil.

N

em só de caminhão a gás será feito o setor de transportes. Os veículos movidos a biometano começam a escrever um novo capítulo na história do segmento e mostram que é possível praticar a sustentabilidade sob muitas rodas, alguns eixos, dentro e fora das estradas do Brasil.

A Scania lidera essa transição e, em parceria com a ZEG, empresa do Grupo Capitale Energia, dedicada exclusivamente à geração de energia renovável, coloca em operação o primeiro caminhão fora de estrada 100% movido a biometano no País. O modelo, um G 410 XT 6x4, faz parte do projeto inédito em uma das usinas da São Martinho, um dos maiores grupos sucroalcooleiros do Brasil, que realizará demonstrações utilizando o biometano da ZEG em um caminhão Scania.

“Nosso propósito é liderar a transformação para um sistema de transporte sustentável e não poderíamos fazer isso sozinhos – justamente o que mostra esta parceria: de um lado oferecemos a tecnologia e do outro a ZEG viabilizará a produção do combustível e o abastecimento”, diz Christopher Podgorski, Presidente e CEO da Scania Latin America.

Segundo o CEO da ZEG e sócio-fundador da Capitale Energia, Daniel Rossi, essa parceria é só o começo de uma mudança ainda maior no setor. “A nossa expectativa é contribuir com empresas de logística ou que possuem frotas próprias, para que viabilizem sua transição energética”, afirma Rossi.

“Estamos olhando na mesma direção e convencidos que esta aproximação representa uma oferta completa, em que nossos clientes vão se beneficiar do ponto de vista da contribuição para redução do impacto ao meio ambiente, além de ganhos em eficiência e diminuição de custos”, destaca Podgorski. “Esta iniciativa inovadora abre uma frente capaz de incentivar outras empresas a embarcarem na jornada de descarbonização do setor”, completa.

Grande potencial

Carlos Jacob, Diretor de Inteligência de Mercado da ZEG.

O caminho para alcançar o máximo dessa capacidade é longo. Mas, mesmo assim, empresas como a ZEG seguem fazendo a sua parte nessa construção. A ideia é instalar plantas de produção no interior do Brasil, onde atualmente a oferta de gás natural é inexistente, em parceria com empresas de agronegócio ou indústrias. “Utilizando resíduos orgânicos conseguimos produzir um combustível de excelente qualidade, com performance equivalente ao gás natural e com muitas vantagens ambientais, com redução de até 90% da emissão de gases do efeito estufa”, explica Rossi.

O GasBio, nome dado ao combustível da ZEG, já é um exemplo. Produzido no distrito de Sapopemba, em São Mateus (SP), é feito a partir do biogás do Centro de Tratamento de Resíduos Leste. Mas a tecnologia da empresa permite a produção de combustível a partir de resíduos da cultura de cana-de-açúcar e de outros tipos de rejeitos agrícolas e industriais. “Vamos produzir até o final do próximo semestre 90 mil metros cúbicos de biometano por dia. Mas temos a intenção de ampliar essa produção para chegar até o final de 2021 com 1 milhão de metros cúbicos e, assim, conseguirmos abastecer todos esses caminhões que a Scania pretende colocar no mercado”, afirma Carlos Jacob, Diretor de Inteligência de Mercado da ZEG.

Na outra ponta, a Scania segue concentrando esforços para fazer bom uso do potencial energético do Brasil em seus veículos e contribuir, cada vez mais, para um mundo dos transportes mais sustentável. No último ano, foram investidos R$ 21 milhões para a industrialização dos novos caminhões movidos com gás natural e/ou biometano, que passam a ser produzidos a partir do primeiro trimestre de 2020, na fábrica de São Bernardo do Campo, em São Paulo.

“Globalmente, em 2018, vendemos 4.540 veículos comerciais com combustíveis alternativos e híbridos. Sabemos que a Europa está na frente, mas temos o mesmo propósito e vamos buscar parceiros que tenham como visão soluções que permitam transformar o combustível ‘alternativo’ no novo ‘normal’”, conta o Presidente da Scania Latin America. “A parceria com a ZEG é o exemplo de como é possível fechar essa equação. O papel dela é fundamental ao viabilizar o acesso a um gás renovável, ou seja, irá fornecer o combustível e entregar para nossos clientes a possibilidade de participarem da mudança para um sistema de transporte sustentável”, conclui Podgorski.