Mais poderosa que o rei
Todo dia é dia de celebrar o protagonismo feminino. Mas fazer isso durante o mês de março, em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, é muito mais especial. Pensando nisso, a Scania promoveu a sexta edição do Queen of the Road, com a participação de lideranças de toda a América Latina. Confira os melhores momentos e conheça as queens que contribuem para a transformação do setor de transportes.
[ Texto: Simone Leticia Vieira / Fotos: Scania, Arquivo pessoal Laura Giacchero ]
A rainha é a peça mais importante de um jogo de xadrez. Ela transita em todas as direções do tabuleiro, por quantas e em quais casas estiverem disponíveis. É a peça de maior domínio e também a mais protetora: qualquer outra que esteja em uma casa de ataque pode contar com seu poder de revidar a ação ou proteger a estratégia de jogo.
No tabuleiro da vida, a situação é a mesma: a rainha tem diferentes espaços para avançar, sabe lidar bem com as variadas peças com as quais precisa contracenar e segue regras (ou não) distintas de cada movimento, ao mesmo passo em que progride ao papel que lhe é natural – o de uma mulher.
Mas, a gente sabe que nem sempre foi assim e que ainda há muito espaço a se conquistar para jogar, de fato, de igual para igual, especialmente no mundo dos negócios. Independente de qual função você, mulher, exerce hoje – e são tantas que o tabuleiro fica pequeno perto do que uma verdadeira queen é capaz – levantar a mão na roda de conversa e colocar em xeque questões pertinentes como equidade de gênero, diversidade com inclusão e valorização da contribuição feminina nas organizações e no mundo tem se tornado cada vez mais relevante.
Experiências compartilhadas
A iniciativa, criada pela Scania em 2016, tem como objetivo reconhecer e dar visibilidade à contribuição das mulheres no ecossistema de transporte e logística por meio da troca de experiência e do debate de questões fundamentais em torno do empoderamento feminino. Este ano o encontro aconteceu no ambiente digital, entre os dias 16 e 18 de março, em função da pandemia de Covid-19. Mas nem por isso deixou de instigar novos olhares. Ao contrário, incentivou o diálogo, já que ao lado de Martha Herrera estavam outras mulheres incríveis e também inspiradoras.
No painel de abertura do evento estavam Denisse Goldfarb, CPO do Walmart no Chile; Sylvia Coutinho, Presidente do Banco UBS no Brasil; Gisella Benavente, CEO Axia Consulting Group Peru; e Carolina Pecorari, Diretora de Sustentabilidade da Ambev América Latina.
O segundo dia reuniu as executivas globais da Scania. Helle Bay, Vice-Presidente Executiva de Recursos Humanos da Scania, ensinou que, muitas vezes, as mulheres são, consigo mesmas, suas maiores inimigas: “Temos uma expectativa muito grande com relação a nós mesmas. E não temos que ser perfeitas 100% do tempo.”
Camilla Dewoon, Vice-Presidente Global de Comunicação, Marca e Marketing da Scania Group, também marcou presença e lembrou que fazer o que gosta diminui a sensação de culpa, especialmente em tempos de trabalho remoto. “Você precisa encontrar o seu próprio equilíbrio, identificar aquilo que é importante para você mesma. E saber dizer não quando for necessário”, destacou Camilla.
Já Heba Eltarifi, Diretora da Scania no Sudeste da Ásia, ampliou ainda mais o debate. “Sei quem sou, onde estou e o que posso. Por isso é importante ter em mente sonhar, planejar e executar”, aconselhou a executiva.
E para fechar o último dia do evento, Denise Hills, Diretora Global de Sustentabilidade da Natura, lembrou: “O tema não é novo, mas cada vez mais urgente em trabalhar como parte das nossas escolhas. Na nossa casa, trabalho, nas empresas. Porque o que a gente escolhe, individual e coletivamente, é o que determina o mundo no qual a gente vai viver. Nesse sentido, as empresas têm o papel de mobilizar e entender sua real contribuição, até mesmo pelos compromissos que ela assume para solucionar alguns dos problemas do mundo.”
Diversidade, equidade e inclusão: por onde começar?
Para Denise, o início da mudança é justamente o empoderamento feminino. “Cada pessoa importa. Porque cada pessoa é um mundo. Então, se quiser empoderar uma mudança, empodere uma mulher”, destacou.
A Scania acredita nesse ideal, mas também crê que diversidade sem inclusão não perdura. Por isso, trouxe para o Queen of the Road o público masculino, que foi representado por dois executivos no último dia do evento: Candido Bracher, ex-CEO e membro do Conselho de Administração do Banco Itaú; e Thiago Coelho, Vice-Presidente da Coca-Cola no Peru e no Equador.
Na conversa, Candido contou como foi sua trajetória no Banco Itaú e quais mudanças viu acontecer na instituição. Foi em sua gestão que a empresa colocou a diversidade em pauta e em prática. “Primeiro firmamos um compromisso público com a diversidade, em 2017. Em seguida, levamos o primeiro membro feminino para o nosso Conselho Administrativo”, lembra. “Diversidade precisa estar em tudo que comunicamos. O exemplo é imprescindível, mas só ele não basta. Revisitamos a questão da maternidade, mudamos nossos critérios de avaliação de desempenho para as mães que saem de licença, ajustamos os processos para termos no comitê de sucessão pelo menos uma mulher candidata e uma no grupo de avaliadores, entre outras medidas. E melhorou? Não melhorou! Continuamos com percentuais muito aquém do que eu acredito que precisamos ter. No total, 58% dos nossos colaboradores são mulheres. No nível de gerentes, 35,1% são mulheres, entre os supervisores 24,5% e 15% na diretoria são mulheres. E isso mostra o quanto ainda temos a aprender e melhorar”, sinalizou.
“Mulheres trazem mais benefícios. Empresas com duas a cinco mulheres em seu Conselho normalmente têm indicadores de negócios mais altos”, complementa Thiago, que tem no seu dia a dia como executivo na Coca-Cola no Peru e no Equador uma liderança feminina e uma equipe maioritariamente composta por mulheres.
Ele atribui esse resultado às características femininas que mais contribuem com os negócios: empatia, capacidade de prever problemas e facilidade de dialogar. “A capacidade que as mulheres têm de calçar o sapato do outro e influenciar é muito maior que a dos homens. Elas também antecipam problemas, sabem identificar quais barreira e vias alternativas para solucionar. E também são mais flexíveis, cedem espaço para o diálogo. Tenho aprendido, do meu lado, a fazer isso com elas e manter no meu dia a dia de trabalho uma mesa de diálogo sempre aberta”, destaca.
Para ser inspiração...
Os diálogos que o evento trouxe para a mesa foram acompanhados bem de perto por Laura Giacchero. Esta foi a sua primeira participação no Queen of the Road e, para ela, as opiniões sobre o papel da mulher na liderança foram inspiradoras. “O evento foi muito interessante por conhecermos, a nível internacional, posturas, desafios e sucesso de mulheres em cargos de liderança. A motivação pessoal de cada participante e as diferentes visões que passamos a compartilhar sobre a importância da liderança formada por mulheres, cada uma com exemplos de superação em mercados e desafios divergentes, mostram a relevância da iniciativa”, afirma.
Laura também é líder e, embora ainda jovem, já escreve bons capítulos em sua história como mulher no setor de transportes. “Diferente da maioria das queens que foram destaques no evento, com uma longa carreira de sucesso, tenho uma trajetória relativamente curta, de oito anos no mercado de trabalho. Após minha graduação em Administração de Empresas pela FGV em São Paulo, em 2013, tive experiência de um ano em banco de investimento (JP Morgan) na capital paulistana e após isso, fui convidada pelo meu pai para auxiliar na gestão da empresa que fundou (há 48 anos) como a única filha, dentre os demais, atuante na área de negócios”, conta.
E as experiências foram muitas. “Participei de muitas inovações, em sinergia com a nossa equipe com significativa experiência, de reestruturações internas que foram essenciais e necessárias para acompanharmos e crescermos no nosso ramo de prestação de serviços de transporte e soluções em movimentação de insumos e matérias-primas. Há dois anos e meio, com o falecimento trágico do meu pai em um acidente, passei a ser a gestora principal da empresa, com 28 anos, e adquiri muitas responsabilidades, mas que estão sendo contornadas com muito compromisso e solidez nas decisões”, revela.
...e transformar o futuro
Com uma trajetória curta, porém intensa, não há dúvidas de que Laura é uma legítima Queen of the Road. “É um privilégio ser enxergada pela Scania como um exemplo de mulher, como líder dentro de nosso negócio e com a oportunidade de podermos compartilhar as diferentes rotinas e a forma como conseguimos conciliar os desafios pessoais e profissionais com os resultados em nosso ambiente de negócios”, pontua.
“No nosso dia a dia com os clientes, temos visto aumentar a participação de mulheres nos processos decisórios das empresas. Trazer mais mulheres para o ecossistema de transporte, significa inovação. Significa ver as transformações que todos nós queremos. Para a Scania, é manter no DNA a característica de estar um passo à frente para atender as expectativas dos nossos clientes e apoiá-los nos desafios deste novo mundo. Iniciativas como o Queen of the Road são importantes, pois nos ajudam a seguir firmes neste propósito, criando espaços de diálogo e de troca entre mulheres para que elas sigam mais fortes e fazendo a diferença para construir o futuro que tanto desejamos”, conclui Roberto Barral, Vice-Presidente das Operações Comerciais da Scania no Brasil.
Portanto, mulheres, sigam sendo queens. Movimentem-se quando e por onde quiserem. Continuem sendo absolutas, soberanas e cumprindo suas missões. Avancem, se inspirem e sejam inspiração. Porque seja no tabuleiro do jogo ou da vida, as rainhas são sim mais poderosas que o rei.