Jornada Scania #4

[ Opinião ]

Às margens da memória

[ Texto: Antonio Ferro - Editor da Revista AutoBus / Foto: Arquivo pessoal, Ronaldo Santos ]

Considerado uma solução para os problemas da mobilidade urbana, os corredores de ônibus do tipo BRT caíram no esquecimento e raramente são evocados pelo poder público quanto a um desenvolvimento sustentável.

U

ma linha de metrô, trem urbano ou mesmo o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) tem a sua importância no contexto das cidades pela durabilidade, funcionalidade, eficiência, em promover rapidez nas viagens e ao se enquadrar no desenvolvimento sustentável. É uma lógica que tem como objetivo contribuir com o desempenho da mobilidade, facilitando o vai e vem da urbe e de seus habitantes, com a capacidade de transportar altos volumes de passageiros.

O modal férreo tem um alto custo operacional, sendo operado por gestores públicos, sejam eles municipais ou estaduais, e privados, necessitando de subvenções dos governos a fim de manter sua regularidade e qualidade nos serviços. Não se questiona a sua circunstância, bem como os aportes financeiros recebidos. Tudo em nome do bom funcionamento e da imagem positiva que provoca perante à sociedade. Sistemas sobre trilhos são a cereja do bolo de governos e seus projetos de transporte público, envolvendo grandes somas de dinheiro que em muitos casos dão margem para situações e negociatas fraudulentas.

Tal situação poderia ser diferente se o ônibus tivesse prioridade nas áreas urbanas. Para isso há jeito. Por meio de uma sigla com três letrinhas é possível dar a ele um contexto muito próximo ao que é encontrado nos sistemas de trilhos. O BRT, que prefiro chamar de Trânsito Rápido de Ônibus e não pela alcunha inglesa (afinal foi um brasileiro que teve a ideia de proporcionar condições adequadas à sua eficiência), tem a capacidade de requalificar o modal.

Vejamos suas virtudes. Roda em via própria e pode ter a preferência em interseções, proporcionando viagens bem mais rápidas, acessibilidade; adota estações de passageiros com cobrança antecipada da tarifa; utiliza ônibus modernos, com mais capacidade de transporte; tem integração com outros modais e até mesmo com as linhas alimentadoras de ônibus; oferece mais informação e comunicação entre passageiros e gestores; possibilita o reordenamento do espaço urbano e corrobora com os pilares econômicos e ambientais, pois o ônibus não fica parado no trânsito, queimando combustível, e pode utilizar as modernas tecnologias limpas de tração, colaborando, consequentemente, com a redução das emissões poluentes. Como se vê, são pontos positivos que acompanham o seu ofício. A Scania sabe muito bem sobre isso e dispõe de um portfólio rico em veículos e soluções na promoção do contexto.

Quanto a investimentos, o BRT tem um valor médio de US$ 12 milhões o quilômetro (com todas as obras necessárias), algo entre 20 e 25 vezes menos que o preço do quilômetro de um sistema de metrô, tendo ainda um tempo de implantação que alcança menos de 50% do modal férreo. Ganhos para as cidades, desempenho ao ônibus e velocidade para os deslocamentos.

O BRT, que prefiro chamar de Trânsito Rápido de Ônibus e não pela alcunha inglesa, tem a capacidade de requalificar o modal.”

Antonio Ferro, Editor da Revista AutoBus.

Segundo o programa BRT Brasil, há no País 29 cidades que somam 90 projetos com 1.457,4 km de extensão. Ainda, de acordo com a entidade, desse total de empreendimentos, 24 estão em operação, 22 em obras e 44 em fase de projetos que priorizam o transporte urbano por ônibus em sistemas BRT (números de 2018). Grandes cidades como Goiânia (GO), Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Uberlândia (MG), Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Uberaba (MG), Recife (PE) e Belém (PA) já possuem seus sistemas de BRT em operação. Salvador, na Bahia, e a cidade paulista de Sorocaba se destacam na atualidade por optarem pelo modal, com suas obras em andamento.

Mas, mesmo apresentando benefícios, sua implantação e operação requerem cuidados e muita atenção para que seu sucesso não se perca frente à inadvertida gestão. Algumas cidades brasileiras ensaiaram adotar esse conceito para fomentar uma nova mobilidade há alguns anos em decorrência da realização da Copa do Mundo de futebol em 2014. Ele foi saudado, enfatizado e considerado uma solução para os problemas da mobilidade das grandes cidades. Muita divulgação e discurso político marcaram a evidência de sua implantação. Porém, alguns projetos estão, até hoje, para saírem do papel. Outros até se tornaram realidades, mas padecem com a falta de continuísmo do ideal de um transporte eficaz. O propósito do BRT continua não tendo grande valor em virtude da falta de recursos públicos municipais e também do desinteresse dos gestores municipais em promoverem projetos modernos de transporte coletivo, condizentes com a realidade do desenvolvimento.

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