[ Sustentabilidade ]
Tudo o que você queria saber
(e tinha vergonha de perguntar)
[ Texto: 528 Comunicação Com Propósito / Foto: Arquivo Scania ]
Caminhão movido a gás: tire todas as dúvidas sobre a novidade da Scania que é o primeiro passo para um sistema de transporte mais sustentável.
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s caminhões movidos a GNV (gás natural veicular) e GNL (gás natural liquefeito) da Scania já são uma realidade no transporte brasileiro. Mas, como tudo que é novo, ainda tem muita gente se perguntando se os modelos são viáveis, econômicos, seguros ou se, de fato, transformam o transporte em um sistema mais sustentável.
Para esclarecer a todas as perguntas que habitam o seu imaginário, seja você motorista, transportador, embarcador ou apenas um leitor ou leitora interessado (a) no assunto, a Revista Jornada conversou com quem entende do assunto. Paulo Genezini é engenheiro mecânico, já foi Chefe de Produção, Engenheiro e Gerente de Produto na Scania para a América Latina e hoje responde pela área de Pré-Vendas da Scania no Brasil. Confira o que ele nos contou e tire suas dúvidas:
Qual a capacidade do caminhão a gás?
Temos algumas combinações disponíveis de cilindros para o caso de gás comprimido e tanques para gás liquefeito. A quantidade e a capacidade dos cilindros e tanques serão especificadas de acordo com a necessidade de autonomia para cada operação. As capacidades de armazenamento do gás em cilindros disponíveis são de 760, 852 e 944 litros. Para os tanques são de 758 e 1100 litros.
Quanto gás cabe no cilindro?
Isso dependerá da temperatura e da capacidade de pressão do compressor no abastecimento. Para exemplificar, no caso dos cilindros com capacidade de 944 litros, consegue-se colocar entre 200 a 230 metros cúbicos de gás, mas novamente, varia com temperatura e pressão.
O caminhão a gás tem o mesmo torque e potência que um modelo a diesel. Por que isso acontece?
O caminhão a gás da Scania alcança torque bem parecido ao diesel na mesma faixa de potência. Isso ocorre porque o motor a gás da Scania é dedicado para este combustível, não é um motor a diesel transformado. Inclusive opera no ciclo Otto, ou seja, com velas de ignição. Dessa maneira, toda a engenharia do motor como taxa de compressão, entrada e saídas de gases, entre outros aspectos, são específicas para o gás, o que permite a excelente performance.
Qual a autonomia do caminhão movido a GNV? E a GNL?
Isso também varia em cada operação, mas na prática temos encontrado no GNV uma autonomia para uma capacidade de cilindros 944 litros ao redor de 500 km (com PBTC* de 53 toneladas) e para o GNL com tanques de 1100 litros ao redor de 1200 km.
Qual a eficiência no consumo de combustível em cada um dos modelos (GNV e GNL)?
Variará com cada aplicação, carga, rota, topografia, etc.
[ Em números ]
É a redução nas emissões de CO2 de um modelo a gás em comparação a um caminhão movido a diesel.
O caminhão a gás é 20% mais silencioso que o modelo a diesel. Por que?
É uma característica do ciclo Otto, muito comum em automóveis e que a Scania utilizou no desenvolvimento deste modelo a gás.
Quais as diferenças entre o modelo GNV e o GNL? Somente o tipo de combustível?
O motor é exatamente o mesmo. Até o combustível é o mesmo, apenas apresentado em formas diferentes de armazenamento: gás e líquido.
Sabemos que muitos caminhões acabam sendo convertidos em um modelo a gás, assim como acontece com os carros de passeio. Quais os riscos dessa adaptação?
Na teoria, seguindo as normas, não há riscos na segurança, mas a performance é comprometida pelo que já mencionei: o motor não foi projetado para este combustível.
O caminhão a gás da Scania já nasce com a tecnologia do gás. Qual a diferença estrutural, então, além do combustível, para um veículo movido a diesel?
Motor, tanques, pneus, sistemas... tudo foi pensado e desenvolvido especificamente para essa aplicação. A diferença está basicamente na câmara de combustão, cabeçotes, entrada e saída de gases e toda a parte de tanques e válvulas.
Tem alguma diferença de desempenho desse modelo na rodovia e no Off Road?
As diferenças nas aplicações são as mesmas encontradas no motor a diesel. No momento, estamos validando o gás nestas aplicações com testes em operações fora de estrada.
Os custos de manutenção são os mesmos que de um modelo a diesel?
Deverão ser um pouco superiores, dadas as diferenças e necessidades específicas do modelo. Porém, a médio e longo prazo, a diferença se paga pela economia.
Por quanto tempo esse modelo ficará no mercado? Há uma expectativa? O modelo a gás vai ficar “obsoleto” quando os elétricos chegarem por aqui?
A Scania acredita que não há uma única solução quando se fala de combustíveis alternativos. O gás é uma delas e veio para ficar. No futuro, quando tecnologias como o elétrico chegarem, haverá lugar para o gás, seguindo o nosso conceito de TMA (Taylor Made for Application) especificando o caminhão com o que for melhor para o cliente.
O caminhão a gás pode explodir? Qual a chance de uma explosão acontecer, se compararmos com um modelo a diesel?
Só há explosão se o gás se expandir muito rapidamente dentro de um confinamento. Para que isso não ocorra, todos os nossos cilindros são equipados com válvulas de segurança para detectar anomalias na vazão, temperatura e pressão, e nesse caso liberar o gás e evitar explosão. No caso de colisão e possível rompimento do cilindro (o que é realmente muito difícil de ocorrer), o gás será liberado e não haverá explosão. Se fosse um caminhão a diesel, o combustível escorreria e ficaria no chão, podendo se incendiar, o que nunca ocorrerá com o gás. Em muitos anos de experiência na Europa não há relatos de explosões por conta do sistema de gás. Resumindo, o caminhão a gás é pelo menos tão seguro quanto o diesel, senão até mais.
E o liquefeito? Vale o mesmo quando se pensa na segurança do modelo?
O gás liquefeito está à temperatura de -163oC. Em caso de contato com a atmosfera, imediatamente entrará na forma gasosa e vai também para a atmosfera, eliminando qualquer risco de incêndio ou explosão, se não estiver em ambiente muito confinado.
A Scania acredita que não há uma única solução quando se fala de combustíveis alternativos. O gás é uma delas e veio para ficar.”
Paulo Genezini, Gerente de Pré-Vendas da Scania no Brasil.
O gás que abastece um caminhão é o mesmo que o gás de cozinha?
No caso de gás encanado sim. O botijão é outro.
Quais os principais pontos de abastecimento no Brasil?
Praticamente as regiões Sul e Sudeste, as capitais mais importantes, já estão cobertas. Toda a costa brasileira também. Ainda falta a parte mais central do Brasil, mas como comentei já está ocorrendo este movimento.
No Brasil, ainda há uma questão a ser melhorada que é a do abastecimento. Existem rotas mais seguras e eficientes neste quesito?
A infraestrutura tem que melhorar em alguns lugares do Brasil, sem dúvidas. E já estamos vendo este movimento. É um negócio muito interessante para os fornecedores de gás.
São vários os clientes e parceiros da Scania em todos os cantos do Brasil que estão testando a nova solução sustentável da marca. Acompanhe essa série de conteúdos no blog da Revista Jornada.
Parabéns pela matéria, bastante didática e numa linguagem simples de entender. Acredito bastante no sucesso da tecnologia pela redução de emissões, especialmente quando da utilização do biometano.