[ Paixão Scania ]
Carrego um sonho em meu braço
[ Texto: Simone Leticia Vieira / Fotos: Porto Poá ]
A história de Allan Jones é inspiradora. O motorista cruzou o Brasil de motocicleta em busca de um objetivo profissional e hoje exibe no braço, com orgulho, a realização do seu sonho.
O
ano era 2018. O mês, maio. Foi ali que teve início a trajetória de coragem, persistência e muita saudade guardada no peito de Allan Jones. A bordo de uma motocicleta, o motorista de 37 anos deixou a esposa e os dois filhos em sua cidade natal, Campina Grande, na Paraíba, em busca de emprego na região Sul do Brasil. Na garupa, um amigo com o mesmo objetivo. E na bagagem, apenas o necessário, além da experiência como motorista de caminhão truck e da enorme vontade de fazer dar certo o que parecia uma aventura.
Foram quatro dias de viagem e 3.300 km percorridos. Noites passadas em locais não tão agradáveis, dias de pé na estrada e foco no propósito da jornada. A cada quilômetro viajado, uma tonelada de sentimentos, dúvidas, incertezas. E a falta que sentia da família.
“A gente não sabia para qual cidade ir, se Cascavel ou Maringá. Fomos perguntando pelo caminho e decidimos por Maringá. Mas meu sonho sempre foi trabalhar em uma empresa do Grupo G10 e já tinha a Transpanorama em mente desde o dia em que saí de casa”, conta Allan.
No dia seguinte à chegada em Maringá, no Paraná, o motorista foi até a Transpanorama, uma das dez maiores transportadoras do Brasil, entregar um currículo. A recepção não foi exatamente como ele esperava. Apesar de ter sido muito bem atendido e recebido, não havia oportunidade de emprego nem contratações previstas para aquele momento. Mas desistir não faz parte do vocabulário desse paraibano determinado. Ele se inscreveu, então, em uma agência de empregos da cidade, aonde passava dia sim e outro também para verificar se havia surgido alguma vaga à qual pudesse se candidatar. “Até que a Transpanorama abriu oportunidade para motoristas que não tinham experiência em carretas e a agência me chamou para participar dos testes. Fiz a avaliação comportamental e passei. Fui para o teste prático e pensei que seria só com caminhões truck. Quando cheguei lá e vi que era uma carreta Scania, pensei: ‘meu Deus, e agora?’ Mas encarei com coragem, fiz o teste, dei o meu melhor e fui aprovado. E assim começou minha história com a empresa”, lembra.
Mudança de vida
A vida, então, deu uma guinada. De motorista de caminhão truck e uma rotina diária de entrega de cerca de 20 toneladas de mercadoria, Allan passou de autônomo a colaborador de uma empresa que zela por seus motoristas e os desenvolve como pessoas e profissionais. “Na Transpanorama, nós buscamos nas pessoas paixão, entusiasmo e atitude. Só de ter saído do Estado dele para vir participar do processo seletivo sem mesmo saber se seria selecionado, ele já demonstrou atitude e coragem como ser humano. Durante o curso de formação de motoristas, ele mostrou que tem foco no negócio, comprometimento e amor por querer ser um motorista profissional, tanto que foi um dos principais alunos. E isso nós valorizamos muito”, comenta Jean Salgals, Gerente de Recursos Humanos da Transpanorama.
Depois da fase de treinamentos, era a hora de assumir o posto e enfrentar mais um desafio, tão esperado: conduzir uma carreta Scania. “Foi a primeira vez que dirigi um caminhão da Scania. E me apaixonei. O veículo é muito bom, estável e muito confortável”, diz Allan.
Daí em diante, a demanda de trabalho só foi aumentando. E a saudade de casa também. Lá se iam seis meses morando em Maringá. Foi quando Allan conversou com seu supervisor para saber sobre a possibilidade de uma transferência de cidade. “Dois meses depois de ter entrado na empresa, fui transferido. Peguei minha moto e voltei, feliz, para minha terra”, explica o motorista.
Sonho eternizado
Bastou chegar à Campina Grande para Allan fazer outra escolha importante: tatuar o braço com o desenho do Scania que dirigia. Decidir foi fácil: “Primeiro porque sempre quis trabalhar com um Scania e depois porque realizei o meu sonho de entrar na Transpanorama. Foram três horas para fazer a tatuagem, doeu muito, mas o resultado valeu a pena. Sei que vou carregá-la para o resto da vida e todas as vezes que eu olhar para o meu braço, vou ver ali o meu sonho realizado”, conta, emocionado.
Allan Jones, motorista da Transpanorama.
Hoje, é na cabine amarela de um R 440 que Allan se realiza. O trabalho, segundo ele, é tranquilo e prazeroso. São 250 km percorridos de segunda a sexta-feira, em uma rota de Campina Grande, na Paraíba, a Recife, capital do Pernambuco, para transportar carga dedicada para os Correios, o que explica a cor do caminhão. “A linha que faço tem dois motoristas: um no sertão da Paraíba, que me entrega a carga na cidade de Campina Grande, que é onde moro; e eu, que sigo para Recife com essa mercadoria, faço a entrega e a coleta do que precisa ser levado de volta, e retorno com outro carregamento para ele”, explica.
E sobre o futuro, Allan tem a mesma certeza que tinha quando saiu em busca da realização do seu sonho: “Não me vejo fazendo outra coisa que não seja dirigir caminhão. Eu trabalho muito satisfeito. Quero poder me aposentar na Transpanorama, se eu puder. E, quem sabe um dia, comprar um caminhão pra mim”, revela. Será que vem outra tatuagem por aí? Porque sonhos, certamente, não vão faltar.
Para se emocionar e se inspirar